Para driblar a alta da inflação dos alimentos, o consumidor tem feito compras mais planejadas, trocou marcas e buscou mais promoções. Já o varejo intensificou as negociações comerciais com os fornecedores, ampliou o número de marcas e fez mais promoções nas lojas.
A intensificação de ofertas e de marcas nos supermercados, somada aos recursos injetados na economia e a queda na taxa de desemprego, impulsionaram o consumo nos lares brasileiros, que cresceu 2,20% no primeiro semestre, segundo o indicador medido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Na comparação entre junho e maio, o indicador apresentou alta de 0,10%. Em relação ao mesmo período de 2021, a alta é de 6,03%.
Destaques no supermercados
Um dos destaques no semestre foi o produto marca própria do supermercado. Com preços, em média de 20% a 30% mais baixos do que das marcas líderes da categoria, eles estão presentes em 34% dos lares.
As embalagens de melhor custo-benefício também estiveram no radar do consumidor, que passou a escolher aquelas que apresentavam maior economia ou melhor valor agregado.
“Com renda mais restrita, o consumidor não pode errar e, por isso, ele tem mais resistência a trocar de marca. Porém, o produto marca própria tem alta qualidade, preço competitivo e ajuda a compor a cesta de abastecimento”, analisa o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
Consumo maior
Para os próximos meses, a previsão é de que o consumo nos supermercados continue a aumentar com a aprovação do pacote de benefícios aprovados pelo Congresso. A Abras estima que entre 50 e 60% dos valores devem ser destinados à cesta de consumo. Além disso, o pagamento de outros benefícios, como a restituição do 4º e 5º lotes do Imposto de Renda e o resgate de R$ 25 bilhões do PIS/Pasep por 10 milhões de pessoas, devem incentivar o consumo no segundo semestre.
Diante desse cenário, a Abras revisou as projeções do consumo nos lares brasileiros, de 2,80% para uma alta entre 3,00% e 3,30%.
“Esse dinheiro vai movimentar o consumo nos lares, então, o crescimento em ritmo moderado do primeiro semestre deve ficar para trás. Daqui para frente, o consumo tende a ser mais intenso e estável porque cresceu o número de famílias, aumentou o valor do benefício e novos auxílios foram criados para outras categorias profissionais: caminhoneiros e taxistas”, analisa o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
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