A última semana de trabalho foi marcada pelo 4o Latam Retail Show, mais completo evento da América Latina voltado ao mercado varejista e que reuniu importantes líderes. Juntos, eles discutiram como superar as barreiras do presente e do futuro do varejo e consumo. No painel que moderei, o tema central foi RENOVAÇÃO (E NÃO INOVAÇÃO) para aumentar a eficiência operacional e fazer “mais com menos”.
O resultado, após dezenas de palestras, casos de sucesso, troca de experiências e networking foi muito positivo.
Mas o que quero trazer neste artigo é a continuidade do tema eficiência operacional, com destaque aos novos modelos de gestão e estruturas organizacionais modernas e prontas para agir rapidamente e atingir os objetivos dos negócios.
O fato é que vivemos um momento de transformação nas empresas, de transformação ágil e, principalmente, de convergência. Ao invés de uma organização concebida como máquina, uma organização ágil, como um organismo vivo. Sem espaço para o modelo tradicional fundamentado na hierarquia top down, controles e burocracia. Estamos falando de organizações onde lideranças, nos modelos mais modernos, possuem foco na estrutura ideal de trabalho e em criar valor para os consumidores. E esses times são constituídos para terem uma visão e atuação de ponta a ponta dos processos.
Essa transformação segue alguns princípios da metodologia “Agile”, que surgiu nos projetos de desenvolvimento de softwares. O objetivo principal é trazer os benefícios ágeis em gestão de projetos para a administração da empresa e assim responder rapidamente às mudanças que são exigidas pelo mercado e pelos consumidores.
Existe até um manifesto com valores fundamentais dessa metodologia, onde:
- Os indivíduos e relações devem ser priorizados em relação aos procedimentos e ferramentas;
- O funcionamento é mais importante que documentação ou regras abrangentes;
- A colaboração e relacionamento com os clientes são mais importantes que contratos;
- A capacidade de resposta às mudanças está acima de um plano pré-estabelecido.
Para nós, esses valores fundamentais impactam basicamente em modelo de gestão, processos e indicadores de desempenho, que, de longe, são os conhecidos e habituais. Podemos traduzir as características da transformação ágil em:
- Estratégias como ponto de partida para atender de maneira surpreendente o consumidor e suas necessidades criando valor, ou seja, focadas nas necessidades do cliente e não em áreas ou departamentos;
- Modelo de gestão processual, ou seja, orientado a processos e não departamentos. Com processos eficientes, ágeis e simples de ponta a ponta (P2P);
- Grupos multifuncionais de tarefas e com hierarquia mínima. Os chamados squads (pelotões), que são células autônomas;
- Empoderamento das pessoas, permitindo agilidade na tomada de decisão e resolução de problemas;
- Estratégias de engajamento de pessoas e não de controle;
- Valores compartilhados;
- Indicadores alinhados à estratégia da organização, controlando o que realmente importa.
Em dezembro de 2017, foi desenvolvida uma pesquisa ao redor do mundo (12th annual State of Agile survey) com mais de 1400 empresas que adotaram a metodologia. O objetivo era identificar o “estado Agile” que a empresa se encontra. A conclusão é que as organizações estão percebendo os benefícios a que elas se propuseram ao adotar a metodologia. Os entrevistados da pesquisa também relatam as razões para adoção e os benefícios da adoção. Vejamos quadro abaixo:
RAZÕES PARA ADOÇÃO: 75% Acelerar a entrega de trabalhos 64% Gerenciar mudanças e prioridades 55% Aumentar a produtividade da equipe 49% Melhorar alinhamento entre áreas 46% Incrementar a qualidade da entrega |
BENEFÍCIOS DA ADOÇÃO: 71% Gerenciamento das prioridades 66% Visibilidade da execução dos trabalhos 65% Alinhamento entre áreas 62% Velocidade de entrega 61% Produtividade da equipe |
É reconhecida a necessidade de acelerar a velocidade de entregas de trabalhos com alta qualidade e a ênfase na satisfação do cliente. Isso exigirá ajuste na cultura organizacional, habilidades das equipes e ferramentas para permitir a gestão e medição de todo o fluxo.
Neste sentido, os KPIs (indicadores de performance) e respectivas metas merecem um pouco mais de detalhes, pois são essenciais para controlar essa revolução na gestão, bem como conectá-la com a estratégia da empresa. A tradicional metodologia para definir KPIs chamada SMART –Specific, Measurable, Attainable, Relevant e Time-bound – na tradução para o português: específico, mensurável, atingível, relevante e com prazo definido para realização.
Existem mudanças também nos tradicionais painéis de controle. Onde a gestão à vista é mandatória e, o mais importante, em tempo real.
Especificamente no varejo, e impulsionado pela omnicanalidade, os tradicionais indicadores estão sendo substituídos por novos, que passam pelo nível de satisfação dos clientes até chegar às experiências em loja por metro quadrado. Ou seja, a transformação já é uma realidade.
A pergunta que não quer calar é: sua empresa está pronta para se tornar “Agile” ou vai esperar a concorrência sair na frente?
Nota:
Nós da GS&Consult somos experts em varejo e relações de consumo. Estamos comprometidos em ajudar as marcas a avaliar e superar esses desafios. Apoiamos no desenvolvimento de suas estratégias e na construção de suas operações de varejo e distribuição. Saiba mais no nosso site: www.gseconsult.com.br
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