Quatro em cada dez empresas do setor varejista adotam estratégias antifraude, sendo o segundo pior desempenho, conforme apontado pelo estudo realizado pela McKinsey. O levantamento indica que apenas 49% das empresas têm essas estratégias, enquanto mais da metade (51%) não as possuem. O setor agropecuário é o que apresenta o pior desempenho – apenas 19% afirmaram ter estratégias antifraude.
De acordo com o estudo, esse comportamento resulta em uma estimativa de perdas de até US$ 130 bilhões por ano devido a fraudes na América Latina. Nos últimos dois anos, 54% das corporações da região registraram um aumento nas perdas. No Brasil, esse índice chega a 60%. Os resultados da pesquisa foram baseados em informações fornecidas por CEOs.
Entre os setores que se destacam pelas medidas antifraude, o de tecnologia e mídia lidera, com 64%, seguido pelas instituições financeiras (58%), indústria (56%) e serviços (52%).
“Poderíamos alcançar uma economia de US$ 65 bilhões na América Latina com uma estratégia preventiva e integrada. Apesar dos esforços, num cenário em que as fraudes crescem em escala alarmante, não é mais uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’ uma organização será alvo de ameaças”, afirmou a consultoria em seu relatório. Michele Nogueira, doutora em Ciência da Computação pela Universidade de Sorbonne, na França, destaca que este “é um problema que afeta a todos de maneira geral, especialmente aqueles que ainda não se preocupam com ele.”
Em seu relatório, a McKinsey enfatiza que os varejistas, em especial, devem tornar suas estratégias antifraude mais centradas no cliente. “Pesquisas anteriores mostram que 70% dos consumidores só realizam transações com empresas que protegem seus dados, e mesmo assim uma grande parte dos varejistas não prioriza a cibersegurança.”
Uma das razões seria que, ao incluir mais camadas de proteção ao cliente, aumentaria a fricção, reduzindo a retenção. O desafio para o setor é encontrar o equilíbrio entre prevenção e experiência do consumidor. “Um caminho? Definir claramente o apetite ao risco, ou seja, o grau de exposição a perdas que a empresa considera aceitável. Outro passo fundamental é garantir sinergia entre as áreas de risco e negócios da empresa, a fim de construir indicadores que levem em conta as metas de receita e as perspectivas de fraudes nos processos.”
Varejo físico
Enquanto no ambiente digital os principais riscos envolvem links maliciosos, como malwares, que injetam vírus nos computadores, e phishing, que utiliza e-mails fraudulentos para expor usuários a crimes cibernéticos, o estudo aponta que, no mundo físico, a fraude logística é a que mais afeta os varejistas, com falsas devoluções de itens e desvios de mercadorias que não chegam aos clientes. Na avaliação de Michele, o problema pode ser mitigado com o uso de dispositivos digitais que monitoram todo o processo de produção até a entrega ao consumidor. “É importante que o varejista saiba que essas tecnologias geram dados que precisam ser protegidos. Caso contrário, pode haver interrupção dos serviços, comprometendo a receita e até mesmo a reputação da empresa”, afirmou.
Segundo a doutora, algumas soluções acessíveis para pequenas e médias empresas incluem o hábito de realizar backups, que consistem em cópias de segurança dos dados, o uso de técnicas de criptografia para proteger as informações da empresa, além do treinamento dos funcionários para que estejam atentos e saibam reagir a possíveis ataques cibernéticos.
Com informações de DC News.
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