Nova pesquisa encomendada pela Digital Favela e realizada pela Data Favela com moradores de favelas de todo o Brasil mostra que 41% dos entrevistados têm um negócio próprio, sendo que para 22% essa é a principal fonte de renda.
Mais da metade dos empreendedores (57%) declaram ter investido nesse formato de trabalho para driblar a ausência de oportunidades no mercado formal, enquanto 54% dizem ter recorrido a horas extras e bicos para complementar a renda durante o último ano.
Para Celso Athayde, coCEO da Digital Favela e CEO da Favela Holding, empreender é, em muitos casos, questão de sobrevivência. “Sem emprego, as pessoas se veem obrigadas a procurar alternativas e optam por investir em habilidades que podem virar serviços, como alimentação, estética e manutenção de eletrônicos, por exemplo”.
A maioria dos empreendedores, no entanto, permanece na informalidade: 63% não possuem CNPJ – ou seja, não têm empresa formalmente aberta para exercer a atividade remunerada. “A informalidade ainda é grande porque estes são negócios criados para suprir necessidades emergenciais e para atender à própria comunidade. Conforme os negócios se consolidam, há uma busca pela formalização, que é importante para conseguir crédito e crescer”, revela o executivo.
O acesso a capital para investimento é apontado como uma das dificuldades na condução dos negócios para 40% dos entrevistados, seguidos pela falta de equipamentos adequados, em 25% dos casos. Para 14%, a maior dificuldade está em fazer a gestão financeira do empreendimento.
“Ao empreender por necessidade, as pessoas têm poucos recursos formais para embasar os negócios. Elas criam e crescem na raça, apesar das dificuldades. Porém, se tivessem acesso a mais estrutura, certamente, prosperariam ainda mais”, destaca Athayde.
Consumo e conexão
A pesquisa também ressalta a importância da internet nas favelas brasileiras. Dos empreendedores, 58% usam a rede como fonte de informação sobre a atividade que exercem. Também é por ela, especialmente pelas redes sociais, que 76% das pessoas divulgam seus serviços.
O dado mostra como a favela está conectada, engajada e sendo uma grande fonte de influência de dentro para dentro. Mais do que ninguém, os próprios moradores sabem qual é a linguagem ideal para atrair seus clientes e o tipo de conteúdo que aquele determinado assunto precisa. Por isso, acabam se transformando em influenciadores digitais e que, muitas vezes, podem representar diversas marcas que desejam essa mesma conexão com as favelas”, analisa Guilherme Pierri, coCEO da Digital Favela.
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