Desde 2020 vemos profundas mudanças nos hábitos de consumo ao redor do mundo e o setor de alimentação não ficou imune a essas transformações. As tendências registradas durante a apresentação de Renata Cabral, Vice-presidente de Research do Citibank, em nossa reunião pré-embarque para a National Restaurant Show 2025, oferecem uma visão detalhada dessa nova realidade, destacando os desafios e oportunidades neste cenário em constante evolução.
O mercado de snacks e alimentos preparados
Um dos principais destaques foi a queda de 12% no consumo de snacks, abrindo espaço para comidas preparadas, frequentemente chamadas de “comida de verdade”. Essa mudança reflete um desejo crescente por refeições mais substanciais e nutritivas, impulsionadas por uma consciência maior sobre saúde e bem-estar.
Além disso, o crescimento de marcas próprias nos EUA mostra uma diversificação das ofertas e torna o mercado mais competitivo, proporcionando maior variedade e opções acessíveis para os consumidores.
No México, a cadeia de conveniência Oxxo está priorizando o conceito de “comida de verdade”, alinhando-se com uma mudança comportamental mais ampla que se observa em diversas regiões. Essa tendência é potencialmente um empurrão necessário para a transição de uma dieta baseada em snacks para refeições mais completas e nutritivas.
O impacto do delivery e das tarifas
O desejo por comodidade mantém o delivery em alta, embora existam riscos associados, como a pressão sobre as embalagens, especialmente com a China como um dos grandes fornecedores. A pandemia também gerou um persistente cenário de inflação global dos alimentos. Embora existam diferenças culturais entre países como o Brasil e os EUA, as tendências são semelhantes, com tarifas sobre produtos como café e chocolate liderando o movimento de “premiumnização”.
Tendências alimentares: proteína de frango e bebidas zero açúcar
O aumento na preferência por produtos à base de proteína de frango deve-se à rapidez do ciclo de produção em comparação com o gado, além dos menores custos. Já as bebidas zero açúcar continuam crescendo a um ritmo de dois dígitos, impulsionadas por consumidores mais jovens e saudáveis, que estão redefinindo hábitos alimentares.
A resiliência do mercado brasileiro de carnes
O Brasil mantém sua posição única no mercado global de carnes, sendo responsável por 35% da exportação mundial de frango. Internamente, 75% da carne produzida é consumida, evidenciando a força do mercado doméstico.
Uma mudança global nos hábitos alimentares
Apesar das pressões econômicas, como as taxas de juros que afetam tanto o Brasil quanto os EUA, o consumidor continua a buscar inovações e abraçar novas tendências. Identificar os vencedores no cenário atual depende de criatividade e adaptabilidade. O mercado de alimentos está em um momento de transformação e as empresas que souberem aproveitar essas oportunidades certamente sairão na frente.
Esse aquecimento deve dirigir parte do nosso olhar durante os próximos dias, especialmente em nossas visitas técnicas que incluem restaurantes, centros de inovação, varejo alimentar, flagships e muito mais.
Se você não sabe para onde os ventos sopram não pode tomar decisões estratégicas para o seu negócio.
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Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagens: Envato