Venho guardando na bagagem o que gostaria de escrever neste último artigo da série sobre transformação digital. Nosso tema de hoje é trazer uma abordagem sistêmica de como a vida das pessoas e das organizações foi modificada para sempre e quais os efeitos no nosso cotidiano.
Entre os impactos mais conhecidos da transformação digital, está a inovação. E com ela muitas novidades que trazem consequências nas empresas, na vida das pessoas e na sociedade.
Produtos são repensados, processos são melhorados, times são potencializados. Há inúmeras descobertas provocadas pelo desconforto da mudança, do desconhecido que é tão presente em tempos atuais.
Se num primeiro momento a transformação digital é algo para impulsionar e atualizar os negócios ou melhorar a vida no campo pessoal, após a implementação ela faz com que revejamos antigos produtos, processos e conceitos.
Estar imbuído deste espírito promove uma grande revolução cultural e de processos que ao final do funil vão trazer inúmeras vantagens competitivas.
Separei algumas das vantagens que certamente farão você olhar com mais atenção para a relevância de estruturar de forma sistêmica o seu negócio e o seu time para a era digital:
- Acelera processos e a propagação de informações: a sua empresa ganhará, além de processos mais ágeis e eficientes, velocidade na propagação das informações na palma da mão;
- Aproxima a empresa dos seus clientes: a era digital estimula as interações em rede. O consumidor participa ativamente do processo de compra, compartilha suas experiências e busca e valoriza as marcas que oferecem experiências individualizadas;
- Aumenta a produtividade por meio da incorporação de tecnologias que otimizam o tempo de trabalho. Entre elas, podemos citar os chatbots, Inteligência Artificial, Internet das Coisas, e as realidades aumentada e virtual.
- Agiliza as tomadas de decisão: utilizando tecnologias como analytics ou Big Data, os empreendedores têm acesso a dados que serão utilizados de forma preditiva para o planejamento estratégico;
- Impulsiona o consumo: para o cliente, bastam alguns cliques para comprar o que se deseja, sem que ele precise se deslocar o que muitas vezes retardava ou inibia o desejo de comprar;
- Reduz custos: com acesso a dados de inteligência de mercado e do comportamento do consumidor, as empresas têm condições de desenvolver produtos que atendem às necessidades dos clientes e de investir em ações de marketing direcionadas e com alto potencial de serem bem-sucedidas;
- Proporciona novas oportunidades: informação é o bem mais precioso da era digital. Com ela, as empresas conseguem se aproximar dos clientes e, com isso, entregar valor, ser mais eficientes e entregar soluções personalizadas.
Para apoiar nossa discussão aqui, me apoio no artigo de Didier Bonnet e George Westerman, do MIT:
“O domínio digital é mais importante do que nunca porque os riscos de ficar para trás estão aumentando. Em 10 anos de pesquisa, vimos a transformação digital se tornar cada vez mais complexa, com uma nova onda de possibilidades tecnológicas e competitivas chegando antes que muitas empresas dominassem a primeira. Quando começamos nossa pesquisa, a maioria das grandes empresas tradicionais estava usando tecnologias digitais para melhorar gradativamente partes de seus negócios. Desde então, esta primeira fase de atividade deu lugar a uma nova. Os avanços em uma série de tecnologias, como a Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Aumentada e 5G, abriram novos caminhos para a criação de valor. Mais importante, os líderes agora reconhecem a necessidade – e a possibilidade -de transformar verdadeiramente os fundamentos de como fazem negócios. Eles entendem que precisam passar de experimentos de tecnologia desconectados para uma abordagem mais sistemática de estratégia e execução.”
A nossa convidada deste artigo é a Maria Eva Mit Lazarin, CEO da Benkyou, que tem muitas experiências com a transformação digital nas organizações. Participa desse processo há muito tempo, exatos 35 anos, e acompanhou várias empresas por meio de projetos com a IBM, Xerox e Microsoft e enfatiza este caminho sem volta.
“Décadas atrás as tecnologias, a informatização, a conexão eram privilégio de grandes organizações. De fato, 3G, 4G e agora 5G, e tudo o que as cercam, selam a inserção no mundo digital de qualquer empresa e de uma boa parte das pessoas.
Uma democratização que se estendeu dos computadores aos celulares. Junto com isso, programas, aplicações mais fáceis de usar e, sim, mais acessíveis aos simples mortais, tanto no que tange ao custo quanto à usabilidade. Empresas que nunca tiveram uma área de TI e ainda não têm desfrutam de inúmeros aplicativos para gerir seus negócios, como contador online, workflow, integração entre equipes, reuniões virtuais, marketing digital, site, entre outros. Isso para citar só os mais triviais. Só no âmbito de aplicativos, suportando pequenas e médias empresas, nasceram vários.
Um elo perfeito entre administração, processos e pessoas, a transformação digital habilitou a automação em todos os processos das empresas envolvendo produção, controle, logística, atendimento e manutenção do cliente. A meu ver, a transformação digital será constante, ou seja, uma vez presente na vida das empresas e das pessoas, a própria evolução do mundo digital exigirá manutenção, atualização. Isso nos levará a repensar nossos negócios todos os dias. Só no meio de pagamentos, hoje, há uma avalanche de tecnologias e habilitadores de formas para viabilizar negócios, incluindo mais e mais empresas e pessoas. Que, por sua vez, mudarão hábitos e desencadearão novas necessidades e mudanças que deverão ser refletidas nos produtos e processos empresariais, num ciclo infinito.
O fato é que a inovação – que, claro, não só depende de tecnologia – encontrou um aliado poderoso no mundo digital, seja para obter conhecimento que fomenta sua aplicação, seja pela força que a digitalização exerce sobre ela. Com certeza, os empreendedores inovadores estarão num ritmo acelerado e com certeza potencializarão seus negócios e produtos se apropriando mais do universo digital.”
Maria Eva Mit Lazarin, CEO da Benkyou
O legado que quero deixar desta série de artigos é a importância de mudar o mindset da organização para que os próximos passos sejam dados com excelência. Essa mudança começa pelos líderes, que levarão para os seus times a confiança de que mudar é preciso, a coragem de partir para um mundo novo que traz incertezas, a oportunidade de aprender e contribuir e a inspiração para que sejam pessoas seguras, felizes e que se permitam crescer junto as suas empresas.
Fazer uma abordagem sistêmica de estratégia e execução, como disseram o Didier Bonnet e George Westerman, é fundamental para o sucesso dessa jornada que tem data para começar, mas não tem data para terminar, pois as empresas estarão sempre aprendendo, se renovando e capacitando os seus times para o grande salto da era cada vez mais digital e inclusiva.
Boa leitura! Vejo vocês nos próximos artigos, em que escreverei sobre Metaverso!
Nota: Confira os demais episódios desta série clicando na página da autora.
Patricia B. Bordignon Rodrigues é Diretora de Marketing e Canais Benkyou.
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