O novo ciclo das marcas digitais & cloud kitchens no foodservice

O novo ciclo das marcas digitais & cloud kitchens no foodservice

Pré-pandemia, algumas marcas criadas exclusivamente para o atendimento via delivery vinham ganhando força, especialmente pelo estímulo proporcionado pela expansão das cloud kitchens, cujo modelo envolve custos menores para implantação e atendimento ao cliente por meio de plataformas próprias, mídias sociais ou agregadores.

Após o pico vivido na pandemia, o delivery de alimentos fechou o ano de 2022 com uma participação de 15% no faturamento total do segmento, que atingiu perto de R$ 200 bilhões, segundo levantamento da Mosaiclab.

Iniciativas de cloud kitchens mundiais como a marca indiana Rebel Foods, presente em 6 países, 45 cidades e 350 cozinhas, seguida pela Kitopi, marca dos Emirados Árabes presente em 5 países, com 60 cozinhas e 200 marcas, nos mostram que esse modelo possui potencial de maturação do Brasil.

Atualmente, o case de maior destaque é o da Kitchen Central, de origem americana, com 11 unidades em São Paulo e que segue seu plano de expansão para outras regiões do País.

Marcas de franquias como Divino Fogão criaram formatos virtuais do seu modelo de negócios. E grupos que possuem diferentes marcas, como a Cia Tradicional de Comércio, tomaram outro caminho. A CiaTC criou um food hall virtual e segue atendendo seus clientes em um conceito multibrand.

Outra iniciativa que chama a atenção e nos traz aprendizados é a da Bloomin’ Brands, que no Brasil opera com as marcas Outback e Abraccio. Durante a pandemia, a marca usou espaços em lojas Outback já instaladas e lançou a Aussie Grill, cujo ícone do menu é o frango frito oferecido em diferentes combinações, mas atendia exclusivamente no canal de delivery.

Além de incomodar concorrentes como KFC e Popeyes, a marca, que no Brasil nasceu digital, hoje migrou para o formato de loja física, demonstrando que essa pode ser uma jornada vitoriosa para os negócios.

A marca Papila Deli construiu uma jornada de conexão com clientes que querem mais do que conveniência no delivery e buscam sabor e sofisticação a preços melhores do que os de restaurantes estrelados.  Os sócios adicionaram a esse posicionamento irreverência na comunicação, branding forte e a contínua inovação em menus e diversificação de portfólio. São quatro unidades em São Paulo e a visão de que existe muito a conquistar no País.

Quando nos perguntamos se o delivery de alimentos seguirá em crescimento, é importante lembrar da reconfiguração do trabalho e dos hábitos das pessoas e que temos um cenário econômico ainda incerto.

Esse momento, com renda média afetada e inflação de alimentos em elevação, tanto nos supermercados quanto no foodservice, leva a uma pressão na disponibilidade financeira do brasileiro para o consumo de alimentos preparados fora de casa.

Apesar dos apelos emocionais ligados ao pós-pandemia para frequentar bares e restaurantes presencialmente, para uma boa parte da população essa decisão exigirá uma avaliação sobre o dispêndio com deslocamento, estacionamento, taxa de serviço e uma menor flexibilidade para compartilhar itens do cardápio para decidir se vão ou não presencialmente.

Assim, o delivery deve continuar a ser um canal para atender não só a conveniência como também para os momentos de celebração com a família e amigos.

O que é necessário ser feito é o contínuo investimento em eficiência operacional, qualidade de produto e conexão com os consumidores. A eficiência se estende aos espaços e aos processos.

A vizinhança merece uma cloud kitchen que cuide com carinho dos arredores e principalmente da qualidade do ar. E o consumidor merece excelência em todos os seus pontos de contato com a marca.

Só assim o mercado avançará em sua maturidade.

Contem conosco!

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
Imagem: Shutterstock

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