O universo do franchising, especialmente quando observamos os movimentos globais do setor, nos revela não apenas tendências, mas também as práticas consolidadas que impulsionam o crescimento e a sustentabilidade das redes de franquias. Temos visto que o foco no franqueado deixou de ser algo desejado para se tornar uma estratégia necessária à todas as redes.
A importância desse stakeholder na cadeia de valor do franchising é inegável. Historicamente, franqueadores e franqueados eram vistos como entidades distintas, com responsabilidades e atividades claramente delimitadas. No entanto, a necessidade de uma abordagem centrada no franqueado é cada vez mais evidente: isso implica alocar consultores de campo e negócios, não apenas com base na estrutura da franqueadora, mas principalmente nas necessidades dos franqueados. Essa mudança de paradigma promove um suporte mais eficaz e personalizado, essencial para o desempenho de cada unidade.
E por conta dos cuidados com a performance, vemos cada vez mais o interesse dos fundos de private equity, uma vez que enxergam valor em investir em modelos de negócios comprovados, com fluxo de caixa estável e previsível, expansão estruturada e potencial de saída atrativo para os investidores.
A entrada desses fundos não só aporta recursos financeiros, mas também conhecimento, inovação e melhorias contínuas, elevando o profissionalismo e a governança das marcas. No mercado americano, um exemplo clássico é o do Grupo Neighborly, que se transformou em um grande hub de serviços domésticos, graças ao investimento de diversos fundos de private equity ao longo de sua história, Isso permitiu a aquisição de novas marcas e a criação de um ecossistema que fornece soluções para serviços domésticos e pessoais, com mais de 5.800 unidades.
Alcançar esse patamar não é apenas resultado dos investimentos de um fundo. É resultado de uma visão clara sobre a necessidade de ganhar eficiência e manter o negócio em movimento, renovando produtos e serviços, incrementando novos modelos e, claro, tecnologia.
A tecnologia é um pilar fundamental para a alta performance e lucratividade no franchising. Ferramentas de gestão, plataformas educacionais e o uso da Inteligência Artificial (IA) para otimização de processos são essenciais. A adoção de IA, por exemplo, pode melhorar significativamente a resposta aos leads, tanto do ponto de vista da franqueadora na captação de candidatos, quanto do atendimento do consumidor nas unidades, um fator crítico para o sucesso nas vendas.
Dados do mercado americano mostram que 40% dos negócios são concluídos quando o follow-up ocorre em, no máximo, 30 minutos. Ou seja, oferecer resposta rápida não é apenas uma demanda do candidato ou consumidor, é, de fato, uma necessidade para maximizar as conversões.
Essa cultura de agilidade e inquietude com foco em não deixar boas oportunidades escaparem é fundamental para o sucesso de qualquer rede de franquias. Isso se manifesta primeiro com o exemplo dos líderes e se reflete no comportamento da equipe.
Cultivar uma equipe engajada, promover uma comunicação eficaz e manter uma operação fluida, além de construir relacionamento saudável com a rede, podem ser receitas de sucesso para alcançar o que no franchising é sinônimo de prosperidade do negócio, os chamados “4Rs”: franqueados que indicam o negócio para novos investidores (referrals), avaliações positivas do consumidor (reviews), retorno do investimento em tempo reduzido para os franqueados (return) e uma alta taxa de renovação de contratos (renewals), afinal, franqueados felizes e rentáveis são o alicerce de uma franqueadora forte e próspera.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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