Recentemente concluimos mais uma edição da EXPO Retail Real Estate, a principal feira dedicada a pontos comerciais e shopping centers. E foi um sucesso. Evento realizado juntamente com o Latam Retail Show, tivemos mais de 12 mil visitantes, vindos de todo o Brasil. Varejistas, fornecedores e executivos de shopping centers reunidos num ambiente favorável à realização de negócios, fazendo contatos e muito network.
O balanço desta 4ª edição deixa evidente que varejistas estão sentindo a retomada do consumo e consequentemente voltando a planejar a expansão de novas lojas. No próximo ano, os varejistas estarão retomando projetos que, em alguns casos, estão engavetados desde 2015, por conta da profunda crise econômica que afetou o país. Crise esta que, consequentemente, afetou o desenvolvimento de lançamentos de novos shopping centers. O número de inaugurações de novos empreendimentos nestes últimos 2 anos foi o mais baixo dos últimos 10 anos.
A atual vacância de imóveis comerciais em ruas e shoppings deve diminuir nos próximos meses e, como consequência, os valores dos aluguéis devem seguir tendência de alta. Isto se confirmando, veremos também novos projetos imobiliários e de centros comerciais sendo retomados.
Mas isso significa que teremos uma nova fase de euforia na abertura de lojas próprias, de franquias e de novos shoppings?
Tudo indica que a retomada será gradual e cautelosa. O consumidor não está eufórico. Ele está voltando a comprar apenas o que precisa, sem assumir grande endividamento. Afinal, ele passou por dificuldades nos últimos anos, algo que ainda está muito recente na memória. Mas ao mesmo tempo, está em busca de boas oportunidades e mais racional, busca fazer uma análise adquirindo produtos e serviços que oferecem o melhor custo X beneficio.
Esta mesma lógica prevalece entre os lojistas. Nos anos de euforia, muitas lojas foram abertas sem uma boa análise de localização e, prevendo vendas altas, negociados aluguéis em patamares altos. O processo de renegociação com proprietários de imóveis se mostrou difícil e doloroso e daí, nas novas locações, serão mais comedidos e cautelosos nas negociações dos novos imóveis.
Por último, os projetos imobiliários. Por conta do ciclo de desenvolvimento de um projeto de grande porte – que pode levar entre 4 a 6 anos para ser inaugurado, considerando o desenvolvimento do projeto, licenças, captação de funding, comercialização, obras e inauguração -, grande parte dos últimos shoppings inaugurados foram concebidos durante uma expectativa de mercado que não se confirmou quando foram inaugurados. Portanto, a vacância tirou receita do shopping e acabou obrigando os investidores a reverem suas expectativas de retorno do investimento. Na nova rodada, tantos administradores, quanto investidores também serão mais comedidos. Projetos serão escolhidos a dedo e com ampla consulta prévia com varejistas.
Esse é portanto o ciclo do varejo físico, diretamente ligado ao consumo: consumo em alta = expansão de novas lojas = mercado imobiliário retoma projetos = valores dos aluguéis e de luvas se ajustam dentro da lei de oferta e procura.
Para finalizar, é importante lembrar que, apesar dos bons indicadores da macroeconomia e também pelos fundamentos econômicos do Brasil estarem controlados, ainda vivemos num ambiente político altamente imprevisível. Ano que vem ainda teremos eleições. Vamos porém torcer para que as mazelas vindas de Brasília não atrapalhem as boas perspectivas que se acenam para 2018.