Por Marcos Hirai*
O atual momento do varejo brasileiro não tem sido nada animador. Segundo o IBGE, as vendas no primeiro semestre deste ano caíram 7% em relação ao ano passado, menor resultado da série histórica do levantamento. Além disto, 100 mil lojas fecharam no ano passado. Mas de forma alentadora, se o consumo ainda não está aumentando, nota-se uma redução do ritmo de queda.
Por consequência, segundo pesquisa recente do Ibope, nos shopping centers sobram 12 mil lojas vazias. Na época das vacas gordas, prevendo o crescimento econômico, foram abertos 259 novos empreendimentos nos últimos 5 anos. Com a desaceleração da economia, a maioria dos novos projetos foi suspensa.
Diante deste cenário, como prever os próximos anos para varejistas e shopping centers?
O momento aponta para uma fase de diálogo entre locadores e locatários. Com as vendas em baixa, o fôlego dos varejistas está menor. Com o caixa baixo, a abertura de novas lojas foi reduzida ou cancelada. Com a vacância em alta, o melhor caminho é buscar a equalização diante da realidade atual das vendas.
Mas a vacância atual também pode ser vista como positiva para redes em expansão, pois certamente surgem grandes oportunidades geradas pela crise, tanto na quantidade de ofertas quanto nos custos de ocupação, mais realistas. Pode ser também o momento oportuno para que algumas redes se desenvolvam mais do que o concorrente e assim crescer em participação de mercado, afinal, vários grupos tradicionais de varejo deixaram de expandir e estão diminuindo o número de lojas.
Da parte dos shoppings, é o momento de se reinventar no mix, buscando novos players, desenvolvendo varejistas e trazendo novos segmentos, com novos lojistas de serviços, conveniência, gastronomia e entretenimento. É também o momento de trazer o e-commerce para dentro dos shoppings, com lojas digitais, substituindo em alguns casos a ausência de lojistas tradicionais.
É também o momento de buscar novas frentes de negócios. Trazendo como inspiração a realidade dos shoppings americanos, europeus e asiáticos, transformar as suas instalações áreas para se transformar num grande palco de mídia e merchandising pode ser fundamental para compensar a diminuição de receitas, o aumento da inadimplência e a vacância que assolam atualmente os centros comerciais.
Em suma, tanto do lado do varejo, quanto dos shoppings, grandes transformações estão ocorrendo. Sejam nas transformações dos hábitos e costumes por conta das inovações tecnológicas, quanto pela atual conjuntura econômica brasileira. 2017 promete grandes emoções!
Na próxima edição do LATAM Retail Show, que ocorrerá entre os dias 23 e 25 de agosto, no Expo Center Norte, dentro do espaço Retail Real Estate, coordenaremos o painel intitulado “O atual cenário de locações comerciais – mercado imobiliário e varejistas”. Este painel de palestras e debates ocorrerá no dia 24, no período da tarde e contará entre os paineilistas varejistas e executivos de shopping centers, debatendo o futuro do mercado. Hélcio Póvoa da AD Shopping, Mia Stark da Gazit Brasil, Antonio Horácio da Ancar, Sérgio Iunis do Habib´s, Renato Floh da Ri-Happy e PBKIDS Brinquedos e Fábio Aloi da Inbrands estarão presentes.
*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da GS&BGH Retail Real Estate