Ao final das mais tensas eleições da nossa história, temos enfim eleito um governo de extrema-direita. As ideias de direita estão associadas ao liberalismo econômico. Eles definem o livre mercado como o melhor modelo de sociedade, com uma presença mínima do Estado.
Jair Bolsonaro tem a grande chance de realizar um governo histórico se conseguir levar adiante sua promessa de adotar uma agenda econômica liberal, sem surpresas nem choques. A partir de janeiro, o economista Paulo Guedes, será o superministro da Economia. Sob seu comando estarão os atuais ministérios da Fazenda e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Favorável a uma ampla agenda de privatização das estatais, Guedes coloca como prioridade o fim do déficit fiscal e a redução da dívida pública. A reforma das reformas é a da previdência, a prioridade número 1, mas ele defende também uma simplificação no sistema tributário, por meio de um único imposto federal, a manutenção do tripé econômico, com regime de meta fiscal da inflação, ajuste fiscal, câmbio flutuante e medidas para estimular o empreendedorismo.
Se, nos próximos meses, estas medidas forem tomadas e aprovadas, teremos uma chance excepcional de promover mudanças estruturais na economia brasileira. E isto terá consequências diretas para o varejo e o consumo.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ritmo de crescimento até o fim do ano tem a expectativa de variação do volume de vendas para o varejo em +4,5%. Para 2019, a projeção é de aumento de 5,2%.
Nas últimas semanas, dezenas de varejistas anunciaram seus planos de expansão para 2019. A Havan anunciou, para o ano que vem, R$ 500 milhões em investimentos na construção de 20 novas lojas e na ampliação e automação do Centro de Distribuição. O Grupo Madero, que acabou de acertar a venda de 22% das suas ações por R$ 700 milhões, prevê a inauguração de mais 52 unidades em 2019. Os números incluem os restaurantes Madero, Jerônimo (de apelo mais popular) e Vó Maria Durski, focado em parmegiana. A segunda maior rede de frango frito do mundo, Popeyes Louisiana Kitchen, desembarcou no Brasil com uma meta agressiva de abrir 300 lojas até 2020, com um investimento de R$ 1 bilhão. A Petz, uma das maiores redes de pet shop do país, abrirá, em 2019, 14 novas unidades. A japonesa Daiso inaugurará 14 novas lojas e suas primeiras megastores no Brasil.
Esta pequena amostra revela que, depois de 4 anos assombrosos para o varejo e o consumo, os empresários estão mais confiantes numa recuperação da economia.
E este novo ciclo beneficiará diretamente os shopping centers e o mercado imobiliário comercial. Com a retomada das expansões varejistas, a vacância, que ainda está em patamares altos, principalmente nos shoppings abertos nos últimos anos (2013 a 2017), deverá baixar. Hoje existem 7.000 lojas vagas, de acordo com o Ibope Inteligência. Com os novos ventos soprando, consequentemente, a indústria de shoppings deverá reativar seus projetos de novos empreendimentos e expansões, reativando de vez toda a cadeia do varejo.
As esperanças são grandes no novo governo. Se esta janela de oportunidades for bem aproveitada, poderá ser um passaporte para transformar definitivamente o Brasil num país mais moderno. Torcida não faltará!
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