Neste final de semana, esticado pelo feriado do 15 de novembro, a Campus Party voltou a São Paulo em sua 13ª edição, reunindo jovens conectados a tudo que envolve tecnologia e inovação.
No seu lado mais lúdico, esse foi o reencontro de muitos que estavam separados há tempos e, contingenciados pelas circunstâncias, anteciparam e atropelaram o futuro, fazendo crescer de forma exponencial o uso das redes sociais, dos games e da interação digital.
Reunidos pela vontade de evoluir e crescer, voltaram a se encontrar em um evento que é marca registrada da inovação e da paixão pela tecnologia nas suas mais diversas variantes – do bem -, trocando informações, ideias, propostas, disputando, aprendendo, ensinando e convivendo.
Reside nesses jovens, de todas as idades, campuseiros como se autodefinem, a possibilidade de precipitarmos uma transformação positiva da realidade atual do País, um dos elementos fundamentais da propulsão para a criação de um outro e mais positivo cenário.
É possível integrar à natural veia tech dos campuseiros elementos conectados ao empreendedorismo e inovação, expandindo e acelerando as bases da economia gig, que cresce de forma explosiva no mundo impulsionada pelas novas vertentes do autoemprego geradas pelo protagonismo do digital na Sociedade 5.1.
Lembrando que a Sociedade 5.1 se iniciou com o conceito da Sociedade 5.0, mas foi potencializada e reconfigurada em sua evolução pela pandemia. É uma evolução natural das sociedades em que vivemos ao longo dos tempos – dos caçadores à agrícola, à industrial, à da informação.
Na realidade brasileira, o potencial criativo e inovador de muitos jovens e sua reconhecida e crescente consciência ambiental e sustentável, além da demanda pela aceleração da transformação social, são elementos fundamentais a serem apoiados de forma direta para evitar perdermos a oportunidade de promover uma outra cidadania.
É preciso reconhecer que para gerações mais maduras o conceito de cidadania se perdeu e está presente apenas de forma difusa e pouco relevante em nossa sociedade. Por essa razão, enfrentamos inúmeros problemas na política, no convívio e na civilidade, com reflexos na corrupção endêmica, no desperdício de recursos públicos e privados e na representatividade da informalidade em nossa economia.
Canalizar essa energia transformadora existente na maior parte dos jovens conectados pela tecnologia com iniciativas como a Campus Party é algo que transcende à realização de mais um evento reunindo esse público.
É um compromisso de inconformidade com parte da realidade que precisamos mudar. É usar a energia positiva canalizada pela tecnologia para criar novos empreendedores, profissionais, técnicos e especialistas em uma das áreas mais críticas da evolução atual da sociedade: a demanda por qualificação, orientação e evolução.
O verdadeiro propósito da renovada Campus Party está muito além de um evento híbrido reunindo geeks e fissurados por tecnologia para confraternizar e celebrar sua paixão comum. Ele se mantém por meio do trabalho permanente de educação e capacitação de jovens pela tecnologia por meio do Instituto Campus Party, subvencionado pelos recursos gerados nos eventos.
Poder levar adiante esse propósito maior de inovar para transformar, ao mesmo tempo em que contribuímos para injetar um novo “ânimus” na confiança abalada pela realidade em reconstrução, deve motivar quem pensa além dos desafios do cotidiano.
Nota: Desde 2020, em plena pandemia, o Ecossistema Gouvêa é responsável pelas iniciativas dos eventos Campus Party em suas diversas modulações no Brasil.
Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.
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