Longe de seu auge e nadando para tentar sair de uma crise financeira vivida nos últimos anos, a varejista de calçados do interior de São Paulo Passarela teve que se debruçar sobre seu negócio para traçar o caminho de volta à rentabilidade. Em dificuldades desde 2016, quando a crise econômica a pegou na contramão, a empresa vinha conseguindo renegociar suas dívidas, mas não teve fôlego para aguentar os prejuízos da pandemia. Sem saída, entrou em recuperação judicial, com uma dívida de R$ 85 milhões.
Mais de um ano depois e com o plano de reestruturação e de pagamento de credores aprovado, a companhia quer provar que está pronta para se manter firme no mercado, cada vez mais competitivo. O faturamento, esperado para chegar neste ano a R$ 50 milhões, tem a projeção de crescer 25% em 2022, segundo o presidente da Passarela, Luís Tomasetti.
O executivo chegou à empresa em 2017, como consultor de negócios, já com a clara missão de tirar a Passarela da crise. No ano seguinte, assumiu o comando do processo de reestruturação e a presidência, em 2020, no lugar de Vanoil Pereira, ainda o único dono, que fundou a Passarela em 1981. Pereira segue de olho no negócio, mas agora como presidente do Conselho Consultivo.
Pioneirismo no e-commerce
O crescimento da receita da Passarela representará um maior fôlego para a empresa, que agora precisa seguir com os planos de pagamento aos credores. O número ainda é, contudo, bastante distante daquele já registrado no passado pela empresa, que foi uma das pioneiras do e-commerce no Brasil, com um faturamento anual que beirou os R$ 600 milhões. Das 40 lojas físicas da Passarela já abertas no passado, hoje sobraram apenas 15.
Nesse processo de reformulação, seu e-commerce foi repaginado e passou a abrigar outros varejistas, a exemplo dos atuais gigantes do setor. “Éramos um e-commerce de calçados. Acabamos como um marketplace de moda”, afirma Tomasetti.
As lojas que agora estão vendendo por meio do site da Passarela são pequenos varejistas, grande parte concentrada também no interior de São Paulo. “É um ganha-ganha”, resume o presidente da empresa.
Marcas viraram commodities
Uma das pioneiras do comércio eletrônico, a Passarela chegou a brigar com nomes grandes do setor, como Dafiti e Netshoes – e, com isso, gastou para crescer. O especialista em varejo e fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino, lembra que a Passarela investiu pesado em tecnologia na primeira onda do e-commerce, se tornando então uma das gigantes do setor no País.
Agora, no processo de manter-se no mercado, uma das estratégias possíveis para a Passarela, segundo o consultor Luciano Cerveira, é reviver uma de suas marcas próprias, o que poderá ser um diferencial para que a companhia atraia o cliente ao seu e-commerce. “As marcas mais conceituadas já viraram commodities.”
O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, aponta que o atual ambiente de negócios é de mais competição, com um mercado dominado por marketplaces consolidados. “Uma opção que eles podem ter é optar em se conectar a um deles e ser um bom ‘seller’.”
Com informações de Estadão Conteúdo (Fernanda Guimarães)
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