Desde seus primórdios, o varejo está em constante mudança, impulsionado pelas necessidades e desejos dos clientes. Como indústria, sabe-se que, não importa quão grande ou pequeno seja um varejista, aqueles que não evoluírem correrão o risco de se tornar apenas mais uma marca nostálgica do passado. Ao longo dos anos, o setor recorreu a tecnologias inovadoras de cada época para atender melhor seus clientes – desde a aceitação de cartões de crédito na década de 1950 até o crescimento das compras online nos anos 1990 e a chegada dos terminais de autoatendimento na década de 2010. Mas, em 2020, no intervalo de poucos meses, uma pandemia global trouxe um conjunto sem precedentes de necessidades do consumidor que exigiu mudanças imediatas.
A capacidade de reagir de forma rápida e eficaz ajudou a determinar a sobrevivência – ou morte – das empresas, em meio a um cenário de consumidores em casa e lojas fechadas. Aqueles com visão de futuro descobriram que eram capazes de implementar com rapidez novas soluções centradas em tecnologia para ajudar a atender a essas demandas, especialmente aplicativos nativos da nuvem. Com uma infraestrutura baseada no ambiente online, a nuvem forneceu aos varejistas acesso a soluções prontas que poderiam ajudá-los com suas necessidades imediatas. Além disso, essa tecnologia abriu portas para outros benefícios, como atualizações automáticas de software ou instalação em segundo plano de novas ferramentas ou recursos que levam apenas alguns minutos ou horas, em vez das semanas ou meses que seriam necessários uma geração atrás.
Esses insights influenciaram a abordagem do varejo para a nuvem como um catalisador para novas soluções baseadas em tecnologia, não apenas expondo os varejistas ao potencial que as ofertas baseadas em nuvem fornecem, mas também dando a eles a flexibilidade de que precisam para tomar decisões estratégicas exclusivas sobre tecnologias que são melhor para seus modelos de negócios.
A escalabilidade torna-se um divisor de águas
Um dos maiores benefícios dessa flexibilidade na tomada de decisões sempre foi um fator importante para o sucesso do varejo: a escalabilidade. É só olhar para como os varejistas de quase todas as categorias tradicionalmente se preparam para a temporada de final de ano, por exemplo, contratando funcionários adicionais e aumentando o estoque em antecipação à alta sazonal – apenas para voltar aos níveis normais no início do ano. No auge da pandemia, a demanda do consumidor foi semelhante à de picos sazonais como final de ano e outros, mas sem tempo para se preparar. E, quando a cadeia de suprimentos enfrentava uma série de contratempos e atrasos que deixavam as prateleiras das lojas vazias, a necessidade de agilidade do varejista era ainda maior.
As tecnologias nativas da nuvem certamente não aliviaram o desafio por inteiro, mas permitiram que os varejistas que tinham acesso a essas ferramentas escalassem com mais rapidez e eficiência e atendessem melhor aos seus clientes no momento em que mais precisavam. Além disso, a nuvem também permitiu a captura de dados importantes daquele período para análise posterior, capacitando-os com os insights do que precisariam para gerenciar melhor seus próprios pipelines de cadeia de suprimentos e implementar planos de contingência mais sofisticados.
O backend torna-se o frontend
Tradicionalmente, o varejo tem o histórico de introduzir tecnologias voltadas a atender melhor aos clientes. O papel do backend, por sua vez, era o de tornar a operação mais eficiente – desde alimentar os terminais de pagamento até executar planos de estoque sofisticados com o objetivo de garantir que os produtos certos estivessem nas prateleiras certas durante as épocas certas e na quantidade adequada. Hoje, isso não é suficiente. Os consumidores esperam serviços personalizados adaptados às suas necessidades instantâneas, como tamanho, estilo, cor, método de pagamento e localização da loja ou preferência de entrega. E eles querem tudo em tempo real, o que significa que o fluxo de dados do backend para o frontend deve ser sempre preciso e confiável.
Com uma única plataforma de comércio unificada, todos os dados ficam juntos – sejam eles das lojas físicas, sejam dos e-commerces –, dando ao varejista a capacidade de analisar tudo, desde a demanda do produto até o comportamento do cliente, e permitindo que eles respondam a algumas perguntas importantes, como se o estoque seria melhor atendido em lojas físicas ou enviado de um centro de distribuição. Também permite que eles avaliem os custos – e o tempo – associados às várias opções e tomem melhores decisões.
Personalizando a nuvem para o varejo
Não há como prever o que o amanhã pode trazer. Por isso, o poder da tecnologia está no empoderamento que ela oferece aos varejistas para que possam identificar e reagir rapidamente a um evento inesperado. A agilidade da nuvem significa que eles não precisam necessariamente adotar todas as ferramentas simplesmente porque a tecnologia está disponível. Em vez disso, fornece uma infraestrutura que lhes permite desenvolver rapidamente uma solução baseada em tecnologia para enfrentar o desafio desse momento.
É aqui que o varejo começa a liderar o caminho. Como o setor é muito vasto e diversificado – de livrarias ao comércio de roupas, grandes lojas de eletrônicos a pequenos antiquários –, não há uma solução única para todos eles. Em vez disso, há um equilíbrio de necessidades e recursos e os próprios varejistas têm o poder de encontrar uma abordagem que funcione melhor para eles e seus clientes. Da mesma forma, a nuvem também nivelou um pouco o jogo para que pequenas empresas que não têm recursos para TI dedicada e equipes de desenvolvimento não sejam prejudicadas.
Os recursos da nuvem podem ter se destacado durante a pandemia, mas os benefícios já existem há algum tempo e continuam a criar novas oportunidades. Agora que o varejo reconheceu os benefícios impactantes decorrentes da adoção da nuvem – incluindo a capacidade de não apenas seguir seu próprio ritmo, mas também desenvolver ferramentas exclusivas adaptadas para desafios específicos –, a mudança para a nuvem continuará a se expandir.
O varejo tem uma longa história de escalabilidade única e problemas de adaptabilidade e isso criou oportunidades para os desenvolvedores de tecnologia, concentrando-se na evolução constante das necessidades do setor. Embora seja verdade que a nuvem está revolucionando o varejo, também está se tornando mais evidente que o varejo, por sua vez, está revolucionando o que a nuvem pode permitir e como seu potencial pode florescer.
Marco Beczkowski é diretor de Vendas e CS da Manhattan Associates Brasil.
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