O mundo está passando por uma nova fase da globalização com novas caraterísticas, que vão afetar a maneira com que se faz negócio. A principal delas é a de que os países emergentes vão ocupar uma parcela mais significativa na economia mundial, com destaque para os países da Ásia, que também é a região com maior crescimento populacional.
“Isso significa gigantescas oportunidades de exportação para os outros países”, diz Marcos Troyjo, presidente do Banco do Brics, no painel Globalização 5.0: Os Novos Mercados Emergentes no Latam Retail Show, conduzido por Marcos Gouvêa, CEO da Gouvêa Ecosystem, e Eduardo Yamashita, COO da Gouvêa Ecosystem.
Segundo ele, quando essas populações passam a observar aumento de renda per capta significativos, como está acontecendo na Índia – onde a renda per capta é de US$ 1,8 mil e ela dobra a cada 10 anos – esse incremento vai sobretudo para o consumo de alimentos.
Os países que têm vantagens na produção de alimentos e insumos para o setor de infraestrutura, como o Brasil, podem aproveitar esse momento para construir outras vantagens competitivas. Como exemplo, Troyjo citou os Emirados Árabes Unidos, que até pouco tempo era dependente da renda de combustível fóssil. Com planejamento estratégico, utilizou essa vantagem comparativa que tinha para construir outras vantagens, como as cidades inteligentes e se converteu em um hub de inovação.
“O Brasil precisa aproveitar essa oportunidade. Muitos dizem que isso representa uma mudança nas cadeias de suprimento, mas vai além da produção e oferta. O que está acontecendo é uma reconfiguração das redes globais de valor. Isso vale para oferta e valor. Os novos centros de demandas no mundo, como Bangladesh e Vietnã, representam mercados mais rigorosos do que os mercados tradicionais. Essa é uma realidade que o Brasil pode ter um papel bastante positivo”, diz.
Outros mercados
Com um PIB per capta de 14 mil dólares, a China não é mais uma economia de baixo custo. Com isso, algumas das atividades econômicas estão migrando para outros países, como a Indonésia, Paquistão e Índia. Para se ter uma ideia, nos últimos 5 anos, a Índia cresceu mais do que a China em termos percentuais. “Isso com efeitos multiplicadores para a esfera do consumo. E isso é uma grande oportunidade para o Brasil”, diz.
Apesar disso, a expansão da economia chinesa vai continuar de uma maneira favorável para o Brasil, explica Troyjo. As projeções de 2021 a 2031 apontam que a China vai exportar um total de 25 trilhões de dólares, o que representa US 2,5 trilhões por ano. “Hoje de tudo o que a China compra no mundo, 4% vêm para o Brasil. Se mantiver em 4%, são 100 bilhões de dólares, o que significa 510 bilhões de reais”, afirma.