Tecnologias antigas são barreiras para a transformação digital do varejo

Afirmação é de Ravi Bagal, head global de Desenvolvimento de Negócios da Amazon Web Services

E-commerce brasileiro corresponde a 11,6% do varejo nacional

Um das principais barreiras para a transformação digital no varejo global é o que se chama de “dívida técnica”, que é o legado de investimentos de longo prazo em tecnologias antigas. A afirmação é de Ravi Bagal, head global de Desenvolvimento de Negócios para Indústria de Consumo da Amazon Web Services (AWS). Ele participou nesta quinta-feira (16) do Latam Retail Show, maior evento de varejo e consumo B2B do Brasil, que tem cobertura especial da Mercado&Consumo.

“Pense em centenas de milhares de lojas, todas com muitos silos de tecnologia, servidores e dados. O legado tecnológico é um problema real porque, na medida que os consumidores pedem por mais modernidade e engajamento, com mais canais digitais disponíveis, algumas empresas têm a âncora de tecnologias obsoletas que as detêm”, analisa.

Segundo um levantamento da própria AWS, 70% dos varejistas globais sugerem que o legado de investimentos de longo prazo em tecnologias antigas prejudica o avanço digital, e 69% deles responderam menos às mudanças do mercado. “O consumidor está exigindo cada vez mais, entretanto, os investimentos realizados em tecnologia ao longo dos anos, estão impedindo muitos varejistas de responder aos desafios do mercado.”

Recuperação nas vendas do varejo

Para Ravi Bagal, a pandemia global afetou varejistas e consumidores de uma forma sem precedentes. A boa notícia, segundo ele, é que, após um ano muito difícil de 2020, é possível ver uma recuperação nas vendas totais no varejo.

“Antes da pandemia, vimos um crescimento consistente no varejo da América Latina, que é reflexo do crescimento da classe de consumidores. E, também, o fato de que os próprios varejistas estão se tornando muito mais organizados e eficientes na entrega de bens e serviços aos consumidores da América Latina, embora tenhamos visto uma certa queda em 2020 devido à pandemia.”

Segundo o executivo, a probabilidade de crescimento contínuo para os próximos cinco anos é muito positiva. “Acredito que, apesar dos eventos temporários que o mundo enfrentou, a longo prazo a base de consumo na América Latina vai crescer.”

Desafios e oportunidades

Bagal explica que a transformação pela qual a sociedade passa pode ter sido acelerada pela crise pandêmica atual, mas que é a mudança nos hábitos dos consumidores, em especial aquelas relacionadas às novas tecnologias, que está levando os varejistas a mudar a forma como fazem negócios. “São mudanças demográfica, geracional e tecnológica. Mas todos esses desafios são também oportunidades.”

Para ele, uma mudança muito importante começou há alguns anos nas vendas de varejistas na América Latina. “Acreditamos que continuará a se acelerar e essa é a importância do e-commerce. A tendência é que na América Latina os consumidores farão uso de dispositivos móveis como sua principal forma de compras.”

Contudo, o executivo destaca um crescimento ainda maior no que chama de comércio social, isto é, o uso de plataformas sociais para compras no varejo. “Mais e mais as pessoas descobrirão que os consumidores começam sua jornada de consumo como parte de uma experiência nas mídias sociais”, acredita.

Crescimento do e-commerce

De acordo com um levantamento do eMarketer sobre a taxa de crescimento do comércio em todo o mundo, o Brasil é o segundo país em termos de crescimento de vendas no comércio eletrônico em 2021, atrás apenas da Índia.

Em um outro levantamento anual, realizado pela RIS News, uma publicação global especializada no setor varejista, sobre a prioridade número um dos varejistas em todo o mundo para 2021, 64% dos entrevistados responderam que hoje a principal prioridade é a personalização da experiência do cliente – algo que só é possível, em grande parte, por causa das novas tecnologias.

“Posso dizer que na AWS estamos invocando muito as tecnologias que ajudam os varejistas a personalizar a experiência dos clientes. Acredito que este será o diferencial crítico entre os vencedores da recuperação pós-pandemia”, disse Bagal.

Imagem: Bigstock

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