O VUCA vem do acrônimo em inglês dos conceitos de Volatilidade, Ambiguidade, Incerteza e Complexidade que representam o cenário mais atual do ambiente de negócios e foi usado pela primeira vez em 1987 e, portanto, não é tão novo assim.
Mas está cada vez mais presente para sintetizar a essência do processo em constante e profunda transformação que marca a realidade atual.
Sua primeira concepção foi exatamente para discutir modelos de liderança, mas seu uso se estendeu para além dessa concepção, pois sintetiza, com preciosa exatidão, o mundo que vivemos.
E os modelos de organização empresarial tiveram que incorporar essa realidade na concepção de suas estruturas, modelos de liderança e compensação, KPIs, comunicação, relacionamento, carreira e, principalmente, cultura.
No Ocidente nasceram as Plataformas Exponenciais, representadas por Amazon, Google, Facebook e muitos outros negócios, cuja característica maior era seu profundo vínculo com tecnologia e a economia digital, mas que, gradativamente, avançaram para a economia real, como foi o caso da aquisição do Whole Foods pela Amazon e sua expansão com Amazon Go e outros modelos.
Na China desenvolveram-se os Ecossistemas de Negócios, Alibaba, Tencent, JD, Didi, Huawei e muitos outros, também todos originários do universo da tecnologia e da economia digital e, da mesma forma, avançando para o economia real com as operações, por exemplo, dos supermercados Hema pelo Alibaba ou da rede 7 Fresh por JD.
Nas duas situações, seja nas Plataformas Exponenciais ou nos Ecossistemas de Negócios, o denominador comum é a tecnologia e o digital como elementos dominantes e razão de ser dos negócios, que podem começar por qualquer forma, mas, gradativa, veloz e consistentemente, avançam para novas atividades econômicas convergentes ou não com os negócios iniciais.
Suas organizações, estruturas, modelos de liderança e compensação e, além de muitos outros elementos mais, sua cultura, são próprios para se desenvolverem no ambiente VUCA, característico das economias digitais e dominadas pela tecnologia.
Mas seu impacto macro econômico global, que se espalha, cresce e influencia o mundo, cria novos parâmetros de comportamento empresarial, profissional e individual, que devem ser considerados em quaisquer organizações, não importa a geografia, setor ou segmento. No mínimo pela necessidade de se re-alinharem à essa nova ordem econômica que emergiu balizada pelo avanço da tecnologia.
E por incrível que possa parecer, tudo indica existir uma necessidade crescente de humanização das relações pessoais, à medida que cresce o uso intensivo da tecnologia em todas as atividades.
Mas talvez o fator mais crítico para revisão é a questão cultural, pelas premissas existentes no próprio conceito VUCA, onde a instabilidade gerada por esse cenário é combinada pela crescente demanda por flexibilidade, atitude, prontidão e iniciativas dos indivíduos, seja no ambiente profissional, mas também nos ambientes pessoais, o que confronta com o comportamento emergente das novas gerações de um generalizado desapego a essas posturas, quase em rebeldia em relação ao processo evolutivo que nos trouxe até aqui.
Esses são os elementos que reconfiguram nossa realidade e que merecem profunda e ampla reflexão em busca de um ponto aceitável de equilíbrio entre as demandas empresariais e profissionais e a emergente disposição individual de uma vida mais saudável, equilibrada e sustentável de parcela crescente das novas gerações.
Para muita reflexão.
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