Os brasileiros foram um dos principais alvos de phishing do mundo durante os primeiros meses da pandemia. De acordo com o novo relatório Spam and Phishing , publicado pela Kaspersky , cerca de um a cada oito usuários de internet do País (12,9%) acessaram, de abril a junho deste ano, ao menos um link que direcionava a páginas maliciosas. O índice está bem acima da média mundial – que foi de 8,26%, no mesmo período – e coloca o Brasil como o quinto país com maior proporção de usuários atacados. Confira na lista a seguir:
- Venezuela: 17.56%
- Portugal: 13.51%
- Tunísia: 13.12%
- França: 13.08%
- Brasil: 12.91%
- Catar: 11.94%
- Bahrein: 11.88%
- Guadalupe: 11.73%
- Bélgica: 11.56%
- Martinica: 11.34%
Segundo os especialistas da Kaspersky, os ataques no Brasil se destacaram pelo uso massivo de fake news relacionadas a programas de auxílio social, tirando proveito dos burburinhos causados pela irrupção da pandemia. Um exemplo citado pelo relatório mostra um e-mail com a falsa informação de que o governo havia suspendido os pagamentos de contas de energia. O golpe trazia um link pelo qual o usuário era convidado a fazer um cadastro caso quisesse ter acesso ao benefício, como mostra a imagem abaixo.
Os pesquisadores observaram que, embora o link parecesse apontar para um site do governo, o endereço do remetente do e-mail não aparentava ser oficial. Segundo eles, caso o destinatário não percebesse o golpe e clicasse no link, o Trojan loader Sneaky (também identificado como Trojan-Downloader.OLE2.Sneaky.gen) seria instalado no computador e, em seguida, baixaria e executaria outro trojan .
O analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil, Fabio Assolini, conta que os primeiros meses de confinamento no País estimularam os cibercriminosos a intensificar os envios de phishing, especialmente por meio de aplicativos de celulares. Um outro levantamento feito pela empresa de cibersegurança mostrou que, em março, abril e maio, os ataques contra aparelhos móveis mais que dobraram em comparação ao período pré-pandemia. Enquanto em fevereiro, quando se deu a confirmação do primeiro caso de covid-19 no Brasil, a média local de tentativas de ataque de phishing contra celulares era de 10 por minuto; nos três meses seguintes, o índice saltou para mais de 23 tentativas por minuto.
Porém, em junho, a média voltou para o patamar anterior a março, o que, segundo Assolini, reforça o quanto os hackers abusaram da desinformação coletiva do momento para disseminar ainda mais os ataques: “O cibercrime brasileiro é reconhecido mundialmente pela sua habilidade na construção e execução dos golpes. Logo que começaram a circular as informações sobre a chegada da doença no País, também surgiram os primeiros golpes vinculados ao tema, oferecendo máscaras e álcool gel como iscas. Com o início do isolamento, a situação só piorou, tanto que os ataques de phishing contra dispositivos móveis aumentaram 124% apenas em março e a escala se manteve neste nível até o início de junho”, explica o analista da Kaspersky.
Assolini acrescenta ainda que a queda no fim do segundo trimestre pode ser atribuída a uma migração dos ataques: “Com o lançamento das ferramentas de auxílio governamental, os hackers tiraram o foco dos ataques de phishing e voltaram os seus esforços para o roubo de identidade para o cadastramento nesses programas, e, assim, receber o benefício em nome da vítima“, completa.
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