Tudo começou no final do ano passado, quando jovens da periferia de São Paulo começaram a agendar, pela internet, encontros em shopping centers com o objetivo de chamar a atenção contra o ‘preconceito e segregação racial’. O movimento, que se popularizou por “rolezinho”, ganhou a aceitação de muitos que se identificaram com o tema e passou a se disseminar por todo o País.
Com a proximidade da Copa do Mundo, aumenta a preocupação. “Por mais que as pessoas estejam focadas nos jogos, existe a hora das compras. E é de conhecimento dos organizadores dos ‘rolezinhos’ que a Copa reúne o maior número do efetivo da Polícia Militar voltada para tal, deixando muitas outras localidades vulneráveis ou com demora no atendimento”, justifica Mario Amaranteo diretor operacional da Embrase, empresa de segurança e serviços.
Sob a ótica do varejista, esta ação gerou algumas preocupações. Agora, lojistas e shopping centers ficam em estado de alerta por conta deste novo movimento. Negociação com organizadores do movimento e monitoramento com foco em antecipar os eventos são melhor caminho para reduzir riscos.
Evite prejuízos em quatro passos
1. O primeiro passo para que os shopping centers se previnam diante de movimentos com esse é negociação com os organizadores desses eventos, segundo aconselha Luiz Fernando Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). “Essa iniciativa tem dado certo. Os shoppings têm de trabalhar o convencimento desses jovens de que o empreendimento não foi desenvolvido para receber tantas pessoas ao mesmo tempo. Assim, durante o “rolezinho”, não se pode garantir a segurança de todos os envolvidos, embora seja um movimento saudável”, argumenta Veiga. “Muita bobagem foi dita na imprensa. Todos esses garotos serão sempre bem recedidos em shoppings. São consumidores como qualquer outro da dependência. Só não podemos receber multidões”, justifica.
2. Outro passo importante é o monitoramento das redes sociais, que é principal forma usada pelos organizadores para marcar esses encontros e ganhar adeptos. “Ao monitorar as ações nesses canais, pode-se reforçar a segurança interna e pedir apoio da polícia, caso seja detectado algum encontro. O mais importante é ter a inteligência preventiva e monitorar para estimar riscos e planejar o que pode ser feito para manter a segurança do empreendimento”, pondera o sócio-diretor da GS&BW, Luiz Alberto Marinho.
3. Também é preciso ter feeling para saber o melhor momento para encerrar a operação do dia, dependendo da ocasião. Assim acontece nas lojas da rede de restaurantes Bob’s. “Avaliamos os eventuais riscos associados a um evento e a partir desta análise decidimos qual o procedimento a ser seguido. Se consideramos que há algum risco físico para nossos funcionários ou clientes, podemos decidir pelo eventual fechamento de uma loja até que haja normalização da situação. Cada loja, por sua característica, tem um pacote específico relacionado à segurança. Para questões de grande magnitude, no entanto, ações de segurança sempre irão depender da intervenção dos agentes públicos”, diz Ricardo Bomeny, CEO da Brazil Fast Food Corp (BFFC).
4. Para finalizar, também é preciso preparar a equipe e ambiente interno da loja. “A melhor indicação é a ação preventiva, tanto na maior atenção de quem trabalha nas lojas, quanto na instalação de sensores de presença e/ou câmeras de filmagem em locais estratégicos dos estabelecimentos”, opina Mario Amarante, da Embrase. Além disso, vale reforçar tudo aquilo que já é feito pela segurança diária do empreendimento, aumentando a presença física de vigilantes e reforçando o monitoramento via câmeras.
Por Kathlen Ramos, para Mercado & Consumo