O consumidor latino-americano vai migrar cada vez mais do dinheiro em espécie e dos cartões de crédito para carteiras digitais e BNPL (do inglês Buy Now, Pay Later) nos próximos três anos, segundo a pesquisa The Global Payments Report, da FIS, especializada em soluções tecnológicas para comerciantes, bancos e empresas do mercado de capitais.
Realizado em 41 países, o estudo oferece um panorama dos meios de pagamento, com análises separadas por região. Em sua 7ª edição, o levantamento contemplou seis países latino-americanos, incluindo o Brasil.
De acordo com o relatório, tal movimento seria impulsionado por uma conjunção de fatores, incluindo aumento da oferta de métodos de pagamento alternativos, migração de volume para carteiras digitais vinculadas a crédito e débito, opções de crédito sem juros na forma de BNPL e mercados verticais centrados em crédito.
Ainda de acordo com a pesquisa, o comércio eletrônico latino-americano terá um crescimento médio anual de 19% até 2025. Na região, a Argentina terá no período taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 26%, contra 18% do Brasil e 17% do México.
A pesquisa apontou ainda que formas tradicionais de pagamento, como cartões de crédito e dinheiro em espécie, ainda serão muito usadas, a despeito da perda gradativa de participação no total movimentado pelo comércio eletrônico.
Em 2021, os cartões de crédito, por exemplo, representaram 39,3% do valor das transações nesse meio, maior participação dentre todos os meios de pagamento na região. Já os cartões de débito somaram 18,2% do valor total das transações no ano passado.
No e-commerce
No Peru e Chile, o estudo destacou o fenômeno da inclusão financeira, com percentuais crescentes da população abrindo a primeira conta bancária. Apesar da redução de 3% da participação dos cartões de crédito nas vendas online, a pesquisa aponta que este meio deverá manter-se na liderança dos pagamentos no e-commerce em toda América Latina, à exceção do México, onde as carteiras digitais devem assumir a liderança das vendas pela internet já em 2024.
Outra tendência é que as compras feitas em espécie devem encolher 50% até 2025. Em 2021 elas representaram menos de 4% dos gastos no e-commerce da região. No Brasil, esta forma de pagamento reinou nos pontos de venda físicos até 2018, mas caiu abaixo de um terço do total de pagamentos em 2021 e a previsão é que responda por apenas 25% das vendas até 2024.
As carteiras digitais representaram em 2021 quase 20% dos gastos no comércio eletrônico da América Latina e a projeção é que abarquem 25% das transações até 2025. Já as transferências bancárias representaram quase 10% do comércio eletrônico lation-americano em 2021, sem projeção de alterações significativas até 2025.
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