A produção e o consumo global de vinho atingiu os menores patamares em décadas em 2024, influenciados por mudanças climáticas, inflação e transformações nos hábitos dos consumidores. Segundo relatório da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV, na sigla em inglês), divulgado na terça-feira, 15, a produção mundial caiu 5% em relação a 2023, totalizando 226 milhões de hectolitros – o menor volume em 60 anos. “Eventos climáticos extremos e imprevisíveis em ambos os hemisférios” foram apontados como a principal causa, destacou a OIV.
O consumo também registrou queda de 3,3%, chegando a 214 milhões de hectolitros, o menor nível desde 1961, influenciado por “fatores econômicos e geopolíticos, incertezas e mudanças nos padrões de comportamento”, especialmente em mercados consolidados. Apesar disso, a organização ressaltou que “o vinho nunca foi tão consumido em tantos países”, 195 no total, com potencial de crescimento em nações populosas.
O equilíbrio entre oferta e demanda foi mantido, mas os estoques regionais seguem desiguais, segundo a OIV. O comércio internacional manteve volumes estáveis, em 99,8 milhões de hectolitros, embora o valor das exportações tenha caído 0,3%, para 36 bilhões de euros, com preços ainda 30% acima dos níveis pré-pandemia, aponta a instituição.
John Barker, diretor-geral da OIV, enfatizou a necessidade de adaptação: “Trabalhar juntos para desenvolver soluções climáticas, investir em pesquisa e reforçar o multilateralismo são elementos essenciais para o futuro do setor”.
Consumo de vinhos cresce entre os brasileiros
Diferentemente de muitos lugares do mundo, o interesse dos brasileiros por vinhos cresceu significativamente nos últimos anos, impulsionado por mudanças nos hábitos de consumo, maior oferta de rótulos nacionais e importados e pelo fortalecimento da cultura do vinho entre os consumidores.
Entre 2022 e 2023, o consumo de vinho no Brasil aumentou 11,6%, o segundo maior aumento do mundo, atrás apenas da Romênia, com 20%, de acordo com a OIV. A pesquisa indica, também, que o consumo global diminuiu 2,6%.
Com informações de Estadão Conteúdo (Pedro Lima).
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