Na última semana estive em Londres para verificar as novidades do evento anual que vem se tornando um dos mais importantes do calendário europeu. Os três eventos simultâneos: RDE, RBTE e RDSE, abreviação dos nomes Retail Design Expo, Retail Business Technology Expo e Retail Digital Signage Expo são realizados dentro da fantástica estrutura do Olympia Grand, um dos maiores espaços de eventos da cidade. Esse ano, uma das grandes surpresas foi o evento ter duplicado sua área de exposição, necessitando de mais um galpão, redistribuindo a feira em três espaços muito distintos.
Na edição deste ano, mais de 18.000 visitantes, de mais de 60 países, puderam conferir as novidades dos cerca de 400 expositores e as mais de 50 palestras e painéis que aconteceram nas salas paralelas. Esse ano, tive o prazer de ser convidado para a palestra de abertura da Retail Design Expo, onde mais do que levar cases do Brasil, resolvi apresentar os cases de erro e de sucesso de marcas internacionais que desembarcaram no Brasil, além de, como esperado, levar um pouco do DNA do varejo brasileiro, com exemplos como Reserva, Cacau Show, Melissa e Amaro, provando que temos representantes tão interessantes quanto as Havaianas, uma marca absurdamente querida por eles. Além disso, pude participar de um painel com alguns especialistas ingleses sobre práticas para melhorarmos a experiência do consumidor na loja.
Sendo o terceiro ano consecutivo que estive presente no evento, foi interessante poder não somente analisar, mas também confirmar o quanto algumas questões estão alinhadas às dores do varejo e do varejista brasileiro.
Enquanto nas pontas, tanto no mercado popular, quanto no mercado de luxo, o varejo anda bem, entregando bons números. No meio do mercado, o middle-market, os varejistas se encontram de certa forma perdidos, com dificuldades para entender e implantar conceitos como propósito e cultura de inovação e veem seus negócios como pouco tangíveis às novas tecnologias ou conceitos, que parecem ter sido apropriados e trabalhados, por enquanto, somente pelos grandes players do mercado, como omnicanalidade ou integração digital. Para alguns, a mera presença digital ainda é um desafio.
Alguns pontos que pude levantar durante a feira:
- Não se fala de outra coisa além de omnicanalidade e de como digitalizar cada vez mais a experiência do consumidor. Porém, se todo mundo parece querer expor e vender algo que seja relacionado ao omnicanal, parece que pouca gente de fato está fazendo algo a respeito. Há muito interesse, mas pouca ação.
- Há uma preocupação muito grande em relação às questões de self-checkout. Sendo esses um dos caminhos para a compra sem qualquer tipo de intermediário entre o consumidor e o produto, e uma das grandes chaves para que um negócio focado em conveniência funcione, estão sendo oferecidos equipamentos cada vez menores, de modo a melhorar a experiência e a implantação, de acordo com as necessidades ou as intenções do varejista.
- E se a questão do pagamento cada vez mais prático é uma das grandes tendências, foi bacana ver algumas soluções de vending machines e até mesmo a questão do self-checkout funcionando sem a necessidade de dinheiro ou cartão. Escaneando a palma da mão, através do reconhecimento dos vasos sanguíneos, já é possível fazer o pagamento. Para que a compra seja efetuada, após escolhido e pego o produto, basta fechar a porta da máquina.
- O celular aparece não apenas como o ponto final da compra digital, ou da compra mobile, mas também como uma experiência de “segunda tela”, onde é utilizado como uma maneira mais prática e eficiente para que o cliente faça sua escolha através de alguns menus, e uma vez escolhido, possa visualizar suas escolhas em uma segunda tela na loja, de tamanho muito maior, por vezes em escala real. Uma excelente solução para uma vitrine que possibilite a venda 24×7, por exemplo.
- Foi impressionante ver como a questão da holografia, algo que não estava sendo citado em meio às novidades de realidade aumentada ou realidade virtual, acabou aparecendo de uma forma totalmente simplificada, usando muito mais conceitos simples de física, do que equipamentos ultramodernos. Um vídeo editado da maneira correta e uma espécie de pirâmide construída com plástico simples dão conta de exibir pequenas e interessantes imagens, abrindo uma série de novas probabilidades. Quem sabe não teremos professores em holograma na sala de sua casa para um EAD?
Nota:
A próxima edição da RDE/RBTE/RDSE acontecerá em 2019, entre os dias 1 e 2 de maio. Interessados em vir conosco no próximo ano podem obter mais informações desde já no vendas@gsmd.com.br