Você já se perguntou quem mais destrói uma empresa, o vaidoso ou o incompetente? Por que o ego inflado e o comportamento egocêntrico parecem ser tão comuns em cargos de liderança? Por que tantos líderes de empresas são narcisistas?
Infelizmente, a resposta é bastante simples: o narcisismo está em ascensão nas empresas brasileiras, e é uma epidemia silenciosa que está destruindo a liderança e minando a produtividade em todo o mundo corporativo.
Então, vamos aqui separar em três partes:
Parte 1: A Epidemia
O narcisismo é um distúrbio de personalidade que se caracteriza por um comportamento egocêntrico, falta de empatia, vaidade e busca constante por elogios e admiração. Em um ambiente corporativo, o narcisismo pode levar a comportamentos tóxicos, como bullying, manipulação, desrespeito e até mesmo sabotagem.
Infelizmente, muitos líderes narcisistas não percebem que têm um problema. Eles acreditam que seu comportamento egocêntrico é uma característica positiva que os ajuda a alcançar o sucesso. Na realidade, o narcisismo é um traço de personalidade altamente destrutivo, que pode levar a resultados desastrosos para empresas e organizações.
Parte 2: As consequências devastadoras
As consequências do narcisismo nas empresas podem ser extremamente graves. Líderes narcisistas, muitas vezes, têm dificuldade em trabalhar em equipe e colaborar. Eles tendem a ver os outros como ameaças ou ferramentas para seus próprios objetivos, em vez de indivíduos com necessidades e perspectivas próprias.
Isso pode levar a uma série de problemas, incluindo:
- Baixa moral da equipe: líderes narcisistas, muitas vezes, tratam seus funcionários com falta de respeito e desprezo. Eles não valorizam a opinião dos outros e não têm empatia pelo seus funcionários, deixando a equipe desmotivada e insatisfeita.
- Turnover elevado: funcionários que são tratados com desrespeito e não se sentem valorizados tendem a sair de seus empregos com mais frequência, elevando o índice de rotatividade, o que pode ser caro e prejudicial para a empresa.
- Baixa produtividade: líderes narcisistas criam um ambiente de trabalho tóxico, que inibe a criatividade e a inovação, e tendem a impor seus próprios pontos de vista, em vez de incentivar a colaboração e o pensamento crítico. Isso pode levar a baixos níveis de produtividade e atrasar o progresso da empresa.
- Falta de confiança: líderes narcisistas, muitas vezes, são vistos como manipuladores e egoístas pelos seus funcionários. Isso gera falta de confiança na liderança e pode prejudicar o desempenho geral da empresa.
Parte 3: Soluções de curto, médio e longo prazo
É crucial que as empresas adotem soluções para lidar com a liderança narcisista em suas organizações.
Soluções de curto prazo:
- Treinamento em habilidades interpessoais: os líderes narcisistas podem se beneficiar de treinamentos em habilidades interpessoais, como comunicação, empatia e resolução de conflitos. Isso pode ajudá-los a desenvolver uma melhor compreensão das necessidades e perspectivas dos membros da equipe e a melhorarem a comunicação.
- Monitoramento: as empresas podem monitorar a conduta dos líderes narcisistas e fornecer feedback regular. Essa ação ajuda a reduzir comportamentos tóxicos e garantir que os líderes estejam cumprindo suas responsabilidades de forma adequada.
- Políticas claras: as empresas devem ter políticas claras e diretrizes para lidar com comportamentos tóxicos e abusivos, incluindo liderança narcisista. Os funcionários devem ser incentivados a relatar comportamentos inadequados e as políticas devem ser aplicadas de forma consistente.
Soluções de médio prazo:
- Identificação precoce: as empresas podem implementar processos de seleção e avaliação de liderança que visem identificar candidatos com comportamentos narcisistas. A medida ajuda a evitar a promoção de líderes com esses comportamentos e permite identificar precocemente profissionais que precisem de treinamento.
- Mentoria de liderança: os líderes narcisistas podem se beneficiar da mentoria de liderança, para ajudá-los a identificar e trabalhar em áreas problemáticas, como empatia e resolução de conflitos. A mentoria pode aumentar a conscientização e mudar comportamentos inadequados.
- Avaliações 360 graus: as avaliações 360 graus podem ser uma ferramenta útil para identificar comportamentos problemáticos dos líderes. Essas avaliações permitem que os funcionários forneçam feedback anônimo sobre a liderança, permitindo que a empresa identifique gestores com comportamentos inadequados e tome medidas para corrigi-los.
Soluções de longo prazo:
- Cultura organizacional saudável: as empresas podem trabalhar para criar uma cultura organizacional saudável que desencoraje comportamentos tóxicos, incluindo liderança narcisista. Para isso, deve haver estabelecimentos claros de valores organizacionais claros e o fornecimento de treinamento em habilidades interpessoais para todos os funcionários.
- Liderança transformacional: as empresas podem trabalhar para promover a liderança transformacional, que se concentra em inspirar e motivar os membros da equipe em criar um ambiente de trabalho positivo e saudável. Isso pode envolver a identificação e promoção de líderes que demonstrem qualidades como empatia, colaboração e resolução de conflitos.
- Responsabilidade corporativa: incluir a adoção de políticas de diversidade e inclusão, a criação de espaços de diálogo e as participação dos funcionários nas decisões da organização.
E agora?
Chamo você para refletir sobre as três partes e debater, propositivamente, com seus líderes e liderados em busca de soluções adaptáveis aos níveis corporativos do seu ambiente construindo ações colaborativas e evolutivas, pois a liderança narcisista é um problema grave nas empresas e organizações brasileiras.
Lembre-se que as empresas têm um papel fundamental na sociedade. E se você é parte dela, também deve se responsabilizar por seus impactos no meio ambiente e na sociedade como um todo.
#ProvoqueSe.
Bruno Busquet é presidente da Associação Brasileira de Marketing no Varejo (Popai Brasil) e VP de consultoria Estratégica na Agência Global 3AW.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock