Na manhã desta quarta-feira (20), o Mercado & Consumo em Alerta trouxe para o seu palco virtual uma discussão sobre o mercado chinês. Entre os participantes estava Kevin Peng, secretário Geral da Chain Store e Franchise Association (CCFA) da China, que atualmente conta com mais de 1.200 membros da empresa com os 100 maiores varejistas do mundo.
Peng disse que toda indústria está em processo de recuperação. Afetada pela pandemia, de janeiro a março de 2020, o total de vendas no varejo de bens de consumo caiu em 19%, um grande choque segundo ele. A maior parte dos supermercados e hipermercados tiveram uma boa performance. Hipermercados tiveram crescimento entre 3% e 5%. E as vendas nos supermercados e mercearias de comida fresca de menor área cresceram de 50% a 150%. Só as vendas de alimentos frescos em plataformas online triplicaram.
Por outro lado, lojas de departamento e shopping centers, além de lojas especializadas, tiveram suas vendas congeladas. De acordo com Kevin, essas indústrias são relativamente menos digitalizadas e quando lojas off-line fecham as portas, elas não vendem praticamente nada. “Segmentos menos digitalizados sofreram mais na China mostrando a importância da curva de aprendizagem já que a transformação de cultura requer amadurecimento.”
Sobre os setores que estão sofrendo, Kevin dividiu sua análise em dois estágios. O primeiro deles, até 15 de março, quando todos iam ao supermercado e mercados comunitários para fazer compras, mas a maioria de lojas de departamento e shopping centers precisaram fechar. “Mesmo quando as lojas de departamento e os shopping centers abriram, não havia tráfego. As vendas caíram drasticamente e a maioria das empresas vendeu menos de 10% do passado, disse”
Agora, já no segundo estágio, o secretário Geral da Chain Store e Franchise Association (CCFA) disse que a pandemia na China diminuiu gradualmente e a maioria das lojas já reabriu. Conforme estatísticas da CCFA, a taxa de abertura da indústria chinesa de supermercados chega a 95% e o número de lojas de departamento e shopping centers se recuperaram em 90%. Apesar de as empresas terem começado a retomar seus negócios por completo, ainda leva tempos para os consumidores recuperarem a confiança e o movimento nas vendas em lojas de departamento e shopping centers recuperaram somente de 40% a 50% do normal.
Para o setor de alimentação, no primeiro estágio, antes de 15 de março, todos os estabelecimentos estavam fechados. Apenas poucos restaurantes forneciam serviço de entrega em casa através de plataformas online. Após 15 de março os restaurantes reabriram, mas a maioria dos consumidores não retornou. De um lado o governo exigiu um limite de três pessoas sentadas por mesa. Agora esse limite passou para seis pessoas. Por uma questão de segurança o consumo reduziu muito. Restaurantes estão começando a vender produtos “prontos para comer” em cooperação com supermercados, mas as vendas estão somente entre 30% e 60% do que eram.
Em termos de tendências observa-se na China algumas mudanças. Evolução de um modelo “atacarejo” – compras de alimentos em grupos por meios do Wechat, mudança de atitude em relação a alimentação com crescimento de produtos saudáveis e categorias que expressam novos estilos de vida, com queda de vestuário, aumento de produtos para casa onde as pessoas passam mais tempo. A adesão ao online tende a perdurar e aumentar. Aquisições serão acirradas e shoppings tendem a transformar-se com mais intensidade, Alguns hábitos da quarentena, perduram na saída.
Para Kevin Peng é importante as empresas considerarem estágios para a retomada com estratégias em etapas diferentes onde em um primeiro momento o maior desafio é atrair clientes que podem estar mais arredios. “Os setores não voltam na mesma velocidade. Para cada um há diferentes estratégias. No início as medidas são mais restritivas para convivência e quantidades de pessoas o que faz com que a inovação seja um requerimento da retomada”, alertou.
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