Depois de uma emocionante disputa travada entre o Magazine Luiza e a Centauro pelo controle da Netshoes que foi acompanhado quase como uma minissérie com lances dramáticos ao longo das últimas semanas, finalmente o martelo foi batido – Em assembleia realizada na última sexta-feira, (14), os acionistas aceitaram vender a loja online de artigos esportivos ao Magazine Luiza por US$ 115 milhões.
De início a marca ofereceu US$ 62 milhões e no mesmo dia do anúncio da aprovação do negócio pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Centauro fez uma oferta de US$ 87 milhões. Logo após, as duas empresas entraram na disputa pela loja online com valores cada vez maiores. O último “lance” foi dado na noite de quinta-feira, (13), a Centauro ofereceu US$ 127 milhões para ficar com a companhia. Abandonada pelos investidores, sem capital de giro, a companhia precisava fechar o negócio o mais rapidamente possível para se manter funcionado, sob risco de entrar em colapso.
O conselho de administração da Netshoes recomendou aos acionistas que aceitassem a última proposta do Magazine Luiza, US$ 15 milhões abaixo da proposta da concorrente. Foi um passo decisivo do Magazine Luiza para pôr o pé no ramo de artigos esportivos em grande estilo. A Netshoes é a companhia mais relevante no mercado online de produtos esportivos.
A história da Netshoes remonta o ano 2000 quando a primeira loja física da Netshoes foi fundada pelos primos descendentes de armênios Marcio Kumruian e Hagop Chabab. Nos anos seguintes, a Netshoes abriu filiais em academias e shopping centers em São Paulo. Em 2002, a companhia iniciou as operações de e-commerce, e em 2007 fechou suas sete lojas físicas migrando seus negócios para lojas virtuais. Pegou carona no último boom do crescimento econômico brasileiro e nas vendas por e-commerce. Para entenderem o vertiginoso crescimento da marca, em 2017, chegou a ser a maior varejista online brasileira em valor de marca, atingindo US$ 637 milhões, entre 150 marcas brasileiras mais valiosas.
Outro fator determinante no sucesso da companhia foi o aporte de quatro importantes fundos estrangeiros especializados em empresas de tecnologia: os americanos Tiger Global e Iconiq Capital (que tem Mark Zuckerberg, do Facebook, entre seus sócios), o Temasek, do governo de Cingapura, e o latino-americano Kaszek Ventures. Todos eles entraram após o IPO bem-sucedido realizado em abril de 2017 na bolsa de valores de Nova York (Nyse). Porém, quinze meses depois, com um prejuízo acumulado de R$ 230 milhões, o clima azedou. O papel da varejista chegou a valer 24 dólares em maio de 2017. No pior momento, a companhia chegou a negociar suas ações a 3,2 dólares, acumulando grandes prejuízos.
Mas o que a Magalu viu na Netshoes? Uma das razões é que existe muito espaço para crescer no mercado de artigos esportivos brasileiro, que faturou 33,2 bilhões de reais no ano passado, com crescimento acima do varejo físico em geral. Mas um dos problemas é que o segmento ainda é muito pulverizado: a Centauro, maior do setor, domina apenas 5,4% do mercado, enquanto a Netshoes tem 4,6%.
A Magalu vem da bem-sucedida transição digital, que migrou seus negócios para o comércio eletrônico de forma planejada, antecipada e estruturada. É uma referência no varejo físico e digital. Agora com a Netshoes, também expande seu sortimento online e ganha musculatura para enfrentar o crescimento da Amazon no mercado brasileiro. Além disso, as sinergias das operações certamente gerarão uma economia de recursos em áreas como logística, tecnologia, compras, administrativo além da omnicanalidade.
Netshoes, vem ser feliz!
*Imagem reprodução