Uma das grandes barreiras para os bancos digitais avançarem no Brasil é o fluxo de pagamento, que hoje é feito pelos grandes bancos tradicionais. Ao concentrarem a folha de pagamento de empresas e governos, essas instituições detêm um bem muito precioso: os dados dos clientes. Para o CEO do banco Original, Alexandre Abreu, com o Open Banking, que está sendo implantado pelo Banco Central, haverá uma transformação nesse mercado.
“O Open Banking tem potencial para aumentar muito a concorrência no mercado financeiro. Os bancos tradicionais sabem quando o cliente recebe, o que ele paga e o que ele faz com o dinheiro. Esses dados possibilitam que eles saibam qual é o melhor momento de oferecer um produto. Já os digitais e as fintechs não possuem esse histórico”, disse no evento virtual “Quando os presidentes se encontram”, promovido pela Gouvêa Ecosystem e mediado pelo fundador e CEO Marcos Gouvêa de Souza.
A segunda fase do Open Banking, que foi adiada pelo BC, vai permitir que os clientes autorizem o compartilhamento de dados e façam a portabilidade com outros bancos e fintechs. “À medida que o cliente se conscientiza de que ele é o dono desses dados e que pode fornecer para quem quiser, [os bancos digitais e fintechs] vão poder formatar melhores ofertas”, diz.
Implantação complexa do Open Banking
Abreu acredita que, por envolver dados, a adesão não será tão rápida como aconteceu com o Pix. “Tenho a impressão de que não será tão rápido como o Pix porque é mais complexo, tanto é que o BC adiou algumas vezes. Envolve a pessoa fornecer os dados e a empresa saber trabalhar esses dados.
Segundo Abreu, outro ponto que precisa avançar é a aprendizagem digital. “Nem todas as pessoas conseguem fazer transação bancária pelo celular. Isso ainda é uma barreira”, diz.
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