Quem visita o BarraCadabra, área de recreação infantil localizada em um antigo espaço do estacionamento do BarraShopping Sul (Multiplan), em Porto Alegre, às margens do Guaíba, sai encantado com o cenário e com os 39 brinquedos, incluindo escorregas, pula-pulas e trampolins, que fazem a alegria de crianças de 0 a 13 anos de idade. O ingresso para o parque, com cerca de 2.500 m2, é gratuito e os clientes adoram o ambiente descoberto, bem ao lado do mall fechado.
Essa tendência, embora não seja exatamente nova, tem se espalhado mais rapidamente nos últimos tempos, país afora. No Recife, por exemplo, o Shopping Tacaruna investiu mais de R$ 6 milhões ano passado para transformar o último piso do seu deck park em um incrível rooftop, inaugurado com uma roda gigante de 20 metros de altura. No Natal, um tobogã com 35 metros de comprimento fez a festa de mais de 12 mil clientes, que escorregaram felizes com o céu sobre as cabeças e 270 lojas sob os pés. Atualmente, nos fins de semana acontecem espetáculos infantis e diariamente brinquedões, mesas, cadeiras e poltronas ficam à disposição dos clientes que querem curtir a bonita vista para as cidades de Recife, de um lado, e de Olinda, de outro.
O Tacaruna não foi o primeiro a explorar o desejo dos recifenses pelos espaços abertos. Em 2015, o Shopping Plaza, em Casa Forte, construiu um jardim gramado em uma das entradas do shopping, onde acontecem agradáveis eventos para diferentes públicos, incluindo até funcionários de lojas. Nessas ocasiões, quiosques temporários possibilitam que os lojistas vendam produtos para os frequentadores.
A onda dos lugares abertos em shoppings fechados tem permitido aos departamentos de marketing renovar o cardápio dos eventos em shoppings. Um bom exemplo é o Plaza High Line, programa que o Plaza Shopping (brMalls), em Niterói, desenvolveu, também no estacionamento descoberto, com vista deslumbrante para a Baía de Guanabara. Mesclando arte, gastronomia, música e diversão, em um local repleto de ambientes instagramáveis, o shopping criou uma nova opção de diversão e encontros para a população da cidade. Apenas na primeira edição desse ano, o Plaza High Line atraiu mais de 20 mil pessoas.
Criativa também foi a solução do ParkShopping Canoas (Multiplan), que construiu pista de skate, quadras de vôlei e futevôlei, com direito até a chuveiros e arquibancadas, em um trecho do estacionamento descoberto.
Soluções como essas surgem por toda parte. O Shopping Vila Velha (brMalls) instalou um Pet Park permanente, para deleite dos animais de estimação e seus donos, na frente do empreendimento.
O rooftop do Shopping Light (Gazit), em São Paulo, já é usado para eventos há tempos.
Já o terraço do Shopping Barra (Enashop), em Salvador, surgiu faz pouco tempo para agitar o verão soteropolitano.
A diferença dessas iniciativas para as atrações que ocupavam temporariamente os estacionamentos dos shoppings, como circos, pistas de kart, parques de diversão e feirões de diversos tipos, está no aspecto mais permanente dos espaços atuais. Diante do desejo dos frequentadores por áreas ao ar livre, que possam substituir os lugares públicos onde, no passado, costumavam viver momentos agradáveis, os shopping centers vão se adaptando e descobrindo maneiras de oferecer a sensação de shopping a céu aberto, mesmo sendo empreendimentos fechados.
Esse movimento tem nome: placemaking. Significa criar um senso de lugar, onde as pessoas possam viver experiências de relaxamento, entretenimento, socialização e descobertas, em ambiente confortável, conveniente e seguro. Os pilares do placemaking são gastronomia, diversão e ambiente. E essa é a nova fronteira do marketing em shopping centers.
*Imagens divulgação e Luiz Alberto Marinho