O setor hoteleiro tem sido um dos mais afetados pelas restrições decorrentes da pandemia de Covid-19 no mundo todo. Mas, no Brasil, o volume de novos projetos em desenvolvimento segue semelhante ao que foi registrado no período pré-pandemia, o que mostra que os investidores seguem confiantes no potencial de recuperação do setor no médio prazo.
Essa é uma das conclusões da 15ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira, realizado pela HotelInvest em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). O estudo completo foi apresentado nesta quarta-feira (28) no webinar “A oferta cresce, mas e a demanda? Oportunidades e desafios dos hotéis no Brasil”, promovido pelo FOHB com o apoio do portal Mercado&Consumo.
O documento mostra que atualmente existem 147 hotéis urbanos em desenvolvimento no Brasil com inauguração prevista até 2025. Na edição anterior do estudo, divulgada em março de 2020, a
projeção de nova oferta totalizava 169 hotéis. Destes, 46 foram cancelados e 24 entraram em operação. Ao saldo restante de 99 empreendimentos, somaram-se 48 novos contratos assinados até fevereiro de 2021.
O número representa uma queda de 13% nos investimentos na comparação com o início de 2020. Um índice baixo, na análise do sócio-diretor da HotelInvest, Pedro Cypriano, que apresentou os detalhes da pesquisa durante o evento. Ele destaca que muitos investidores, em vez de abortarem os planos por causa da crise, decidiram dar andamento aos seus projetos.
“Enquanto o mercado hoteleiro teve queda de receita de hospedagem, a redução relacionada a investimentos no setor foi bem menor. Esse dado mostra que existe uma resiliência relacionada ao desenvolvimento de projetos”, analisa.
R$ 6 bilhões investidos no setor
Ainda de acordo com os dados do Panorama da Hotelaria Brasileira, aproximadamente R$ 6 bilhões foram investidos no setor desde o início da pandemia. Cerca de 27% do valor foi destinado a hotéis upscale e upper upscale, de luxo e alto luxo.
De acordo com Pedro Cypriano, esses projetos tendem a colocar o Brasil, de vez, no mapa da hotelaria de luxo mundial. O País vai passar a abrigar, também, mais marcas que carregam conceitos relacionados a experiência e lifestyle – só a americana Hard Rock, por exemplo, planeja a abertura de seis hotéis por aqui nos próximos anos.
O executivo destaca, ainda, outras características que devem se tornar mais fortes no setor, como a interiorização de investimentos e o aumento da participação do modelo de franquias (que correspondem a cerca de metade dos novos contratos).
Velocidade da vacinação
O próprio Panorama da Hotelaria Brasileira, no entanto, destaca a piora do desempenho das operações nos últimos meses. A taxa de ocupação caiu 27% no Rio de Janeiro e 66% em São Paulo. O índice da diária média também caiu de 21% a 34%, entre junho e dezembro de 2020, em Porto Alegre, e esse declínio persiste na maioria das cidades analisadas. O cenário dramático coloca em risco pequenos e médios empreendimentos, assim como milhares de empregos.
Durante o evento online, tanto o sócio-diretor da HotelInvest, Pedro Cypriano, quanto o presidente-executivo do FOHB, Orlando de Souza, destacaram que a melhora do desempenho está atrelada à velocidade da vacinação contra a Covid-19, em especial quando se pensa no turismo de negócios.
Souza acredita que o turismo de lazer vai se recuperar mais rapidamente porque esses meses de pandemia, que obrigaram as pessoas a ficarem presas em casa, resultaram numa imensa demanda reprimida na área. Mas, no caso dos negócios, as viagens só voltarão a ocorrer quando as empresas conseguirem vislumbrar uma evolução com relação à imunização.
Trilhas de conhecimento
O webinar “A oferta cresce, mas e a demanda? Oportunidades e desafios dos hotéis no Brasil” foi o primeiro da série “Trilhas de Conhecimento”, que será realizada mensalmente até outubro. A jornada terminará no III Fórum Nacional da Hotelaria, um evento híbrido que será realizado no hotel Transamérica São Paulo em 18 de novembro.
“O objetivo das ‘Trilhas de Conhecimento’ é fornecer conteúdos inéditos e atuais para líderes e colaboradores da indústria hoteleira. Os encontros vão possibilitar a preparação do setor para os desdobramentos e desafios futuros, fornecendo perspectivas, estratégias e a implementação de novas tecnologias que agregarão na retomada da hotelaria”, explica Orlando de Souza.
Imagem: Envato