A grave crise hídrica nos reservatórios das hidrelétricas pode impactar fortemente o setor das pequenas e médias empresas. Segundo relatório do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), todas as regiões do país apresentam reservatórios com níveis abaixo da média histórica. Isso porque o regime de chuvas do país neste ano deve ser o menor dos últimos 90 anos.
Segundo o Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo Datafolha a pedido do Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi), 59% dos representantes das pequenas e médias empresas afirmaram que seriam obrigados a parar totalmente a produção em caso de falta de energia. Para 23% seria preciso parar parte da produção. Apenas 17% não dependem de energia elétrica para produzir e continuaria funcionando normalmente.
Em relação ao custo da energia elétrica, o percentual de micro e pequenas indústrias que relatam alta significativa na conta de luz ao longo deste ano passou de 51% em maio para 62% em junho.
Se houvesse racionamento de energia, 48% das micro e pequenas indústrias consideram que teriam muito prejuízo. Para 31% haveria pouco prejuízo e 20% afirmam que não seriam prejudicadas.
Energia elétrica puxa os custos de produção
Desde março, o índice que mede o peso dos custos de produção para as micro e pequenas indústrias vinha melhorando gradativamente, mas voltou a apresentar piora em junho, com forte contribuição das despesas com energia elétrica. Segundo a pesquisa, 69% das empresas consultadas tiveram alta significativa de custos entre maio e junho. O índice chega a 81% considerando somente as pequenas indústrias.
Os maiores vilões na soma dos custos de produção são matéria-prima e insumos (62%), incluindo água e energia elétrica. Em seguida, os itens mais citados são transporte e logística (4%) e mão de obra (3%).
“O cenário é ruim e tende a piorar, visto que a previsão é de elevação ainda maior na conta de energia elétrica. As empresas que não conseguirem repassar no preço dos produtos esses sucessivos aumentos, estarão aprofundando seus prejuízos e correndo risco de insolvência”, diz o presidente do Simpi, Joseph Couri.
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