Com os aumentos de eletricidade, combustível e produtos alimentícios, 42% dos restaurantes delivery repassaram os preços aos clientes. Outros 50% fizeram ajustes no cardápio nos últimos seis meses. Os dados fazem parte da nova pesquisa da série Covid-19 realizada em parceria entre Associação Nacional de Restaurantes (ANR), a Galunion Consultoria e o Instituto Foodservice Brasil (IFB). O levantamento contou com 800 empresas que atuam 100% com delivery.
Entre as principais culinárias que atuam com foco no delivery, 18% vendem doces, bolos e chocolates; 17% pizzas, 14% são de comida brasileira caseira ou variada, 8% sanduíches (hambúrguer, cachorro-quente, frango frito, tacos, wraps e sanduíches variados) e 7% açaí e sorvetes.
“No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação da alimentação no setor chegou a 13,27%, sendo que o índice chegou a passar de 30% no caso de proteínas e embalagens. Embora o setor tenha tentado segurar ao máximo, não há como achatar as margens e os estabelecimentos acreditam que serão obrigados a repassar alguns valores aos consumidores”, afirma Fernando Blower, diretor-executivo da ANR.
Entre as estratégias para se destacar da concorrência e aumentar a rentabilidade, 47% das empresas optaram por produtos para reduzir os custos de CMV (Custo de Mercadorias Vendidas): 33% investiram em comida saudável; 20% em produtos de fornecedores locais ou artesanais; 17% em produtos identificados naturais e 17% em plant-based, os alimentos veganos a base de plantas.
Oportunidades no foodservice
Para a fundadora e CEO da Galunion, Simone Galante, o delivery é uma nova ocasião de consumo e faz com que diferentes negócios, como é o caso das padarias que atendem em todos os momentos do dia, percebam uma oportunidade e um novo canal de vendas para melhorar o faturamento. “Na pesquisa, 41% gostariam de incorporar novas marcas virtuais, outros tipos de serviços e ofertas de produtos dentro do local atual, 40% vão investir em cloud ou dark kitchens e 36% estão procurando pontos para expandir”, explica.
Levando em consideração a pesquisa completa, e não apenas os modelos de negócios 100% delivery, há novas perspectivas. Mesmo com a retomada gradativa dos salões, o delivery continua a representar uma parcela significativa do faturamento do setor. Segundo a pesquisa, a participação saltou de 24% pré-pandemia para 39% em média atualmente. Além disso, 85% dos estabelecimentos pretendem manter este canal de vendas.
“Os desafios impostos pela pandemia ao setor, somados ao avanço do delivery e plataformas digitais, aceleraram e trouxeram novas oportunidades a milhares de pessoas que perderam suas rendas e possuem um perfil empreendedor. Este é um dos movimentos transformacionais da indústria de foodservice nesse novo momento”, comenta Ely Mizrahi, presidente do IFB.
A pesquisa mostrou ainda que o foodservice brasileiro continua a atrair investimentos, com 31% dos bares e restaurantes buscando pontos para expandir e 30% buscando incorporar novas marcas virtuais, outros tipos de serviços e ofertas de produtos dentro do seu local atual.
Para a retomada, as principais expectativas de bares e restaurantes em relação a seus fornecedores são: produtos com melhor custo/benefício (83%), incentivo financeiro (crédito, prazos – 46%), mais inovação em produtos e soluções (38%), informações relevantes, treinamento e inspirações práticas (25%), além de custar mais (24%) e ajuda com transformação digital (23%).
Com informações de FoodBiz
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