O papel de uma embalagem é muito maior do que o de oferecer proteção a um produto e fornecer informações sobre ele. Ela também é capaz de ajudar a tornar a cadeia de consumo mais sustentável. Essa é uma questão cada vez mais importante não só para o consumidor, mas também para as marcas, e estará no centro do debate do Fórum ABRE de Sustentabilidade, que será promovido entre esta terça e quinta (31 de maio a 2 de junho) pela Associação Brasileira de Embalagem em São Paulo. A Mercado&Consumo é parceira de mídia do evento.
“A indústria de consumo está cada vez mais antenada com relação a esse tema. Em diferentes setores, a gente vê um olhar mais atento e ativo à questão da sustentabilidade”, afirma a diretora-executiva da ABRE, Luciana Pellegrino, em entrevista à plataforma.
A ABRE reúne diferentes elos da cadeia de abastecimento da embalagem: fornecedores de matéria-prima, agências de design, fabricantes de alimentos e bebidas, de produtos de cuidados pessoais e farmacêuticos, empresas de construção civil e do segmento pet, entre outras muitas. “A cadeia produtiva pode ser parceira para endereçar o propósito de sustentabilidade no sentido do que as empresas entendem que são as demandas do consumidor”, destaca a executiva.
Processo circular
A ideia é que o processo seja cada vez mais circular, ou seja, que a embalagem que hoje garante a preservação e a proteção de um produto possa ser reinserida na cadeia de reciclagem. Quando se fala em sustentabilidade, é preciso também pensar em embalagens mais leves, mais flexíveis, com materiais menos pesados e que gastem menos energia para serem fabricadas.
“Alguns outros caminhos que podem ser seguidos pela indústria é olhar para materiais que possam estar em uso por mais tempo. O setor de bebidas, por exemplo, tem trabalhado em cadeias logísticas para uso de embalagens retornáveis de produtos que têm alto consumo em bares e restaurantes. Vimos um passo recente importante com a cerveja Corona, que lançou uma garrafa long neck retornável“, conta Luciana Pellegrino.
A construção civil, segundo ela, é outro setor que tem se dedicado ao tema e surpreendido. Na última edição do Prêmio ABRE da Embalagem, a Klabin foi reconhecida por um saco de cimento que dissolve na mistura no momento da preparação do concreto. A embalagem acaba de ser reconhecida, também, na edição de 2022 do WorldStar Global Packaging Awards, um dos maiores prêmios mundiais de embalagem.
Ela destaca, ainda, que os próprios consumidores têm se mostrado mais conscientes e dispostos a usar embalagens que têm propostas sustentáveis. “Alguns fabricantes têm usado plástico reciclado com tom mais acinzentado e o consumidor entende isso, mesmo sendo uma embalagem menos cristalina. Existe um processo fundamental para que a sociedade permita que a cadeia produtiva seja mais circular e efetive a circularidade dos materiais”, diz Luciana Pellegrino.
O fórum, segundo ela, tem o objetivo de unir atores para que eles possam articular ações conjuntas com os atores do ecossistema para articular soluções, novos projetos colaborativos, melhor circularidade da embalagem e melhor reaproveitamento.
Fórum ABRE de Sustentabilidade
Com o tema central, “Embalagem Positiva”, o Fórum ABRE de Sustentabilidade vai explorar o conceito da Positive Packaging e trazer referências, experiências, aprendizados e insights para responder e debater os seguintes questionamentos: Quais os caminhos para uma cadeia de consumo mais sustentável? Como estamos construindo a circularidade na cadeia de consumo? Quais os avanços em embalagens, compromissos das marcas, infraestrutura, protagonismo das scale ups de captação de resíduos, fortalecimento da atuação das cooperativas de catadores? Como a tecnologia está impulsionando novas possibilidades? Quais as formas de promovermos o engajamento do consumidor?
A programação incluirá exposição de embalagens, de iniciativas de inovação, de novas tecnologias e um ambiente especial para assistir às palestras. “Preparamos uma programação completa e bastante rica, não só de conteúdo, como também de exemplos extremamente atuais e admiráveis para serem absorvidos e degustados tanto por quem acompanhará o evento de maneira presencial, como online”, afirma Luciana Pellegrino, diretora executiva da ABRE e curadora do Fórum.
Entre as atrações que o encontro trará, está Habiba Hassan Sultan Al Mar, cofundadora e presidente do Emirates Environmental Group (EEG), uma organização não governamental pioneira, estabelecida nos Emirados Árabes Unidos (EAU) desde 1991. Atualmente, ela é vice-presidente do Global Urban Development and Patronage Committee, membro do myclimate. Em 2019, foi selecionada para integrar a Aliança Global Investors for Sustainable Development (GISD) a convite do Secretário-Geral da ONU. Em julho de 2021, ela foi escolhida para atuar como Diretora do World Green Building Council (WGBC).
Marce La Recicladora é outra atração internacional. Nascida na Colômbia, Marce é conhecida como a primeira “Youtuber Recycler” da América Latina. Ela tem se interessado em educar os cidadãos sobre questões de separação de resíduos de uma maneira nova e divertida. Além disso, busca tornar visível o importante trabalho realizado pelo grêmio dos “recicladores” para o meio ambiente e a sociedade. Atualmente ela tem mais de 244.000 seguidores no Instagram. Marce foi reconhecida em setembro de 2020 como uma das 10 líderes de mudança mais influentes do país graças ao seu projeto de Educação ambiental.
Fred Gelli é uma das referências trazidas pela ABRE. Entre outros feitos reconhecidos, Fred foi o responsável pela criação das Marcas Olímpica e Paralímpica Rio 2016 e um dos diretores criativos das Cerimônias de Abertura e Encerramento dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Em 2014, foi reconhecido um dos 100 mais criativos do mundo pela Fast Company, enquanto sua empresa, a Tátil Design, foi incluída no Top 10 mais inovadoras da América do Sul. No mesmo ano, a revista Época nomeou-o um dos 100 brasileiros mais influentes.
Já Ariane Mayer, que também será atração do Fórum, é idealizadora e responsável pela implantação e desenvolvimento do SOLcircular, metodologia única que mede o nível de circularidade de processos e do HUB SOLcircular, rede de economia circular que conecta geradores de resíduos com cadeias produtivas que utilizam esses materiais em substituição as matéras-primas tradicionais. Também é especialista com mais de 16 anos de atuação em desenvolvimento de soluções e negócio inovadores, e inteligência competitiva, no segmento ambiental.
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