A pandemia sem dúvida deixará marcas na sociedade que permearão essa e próximas gerações. Muito se dialoga sobre quais comportamentos assimilados durante o período da pandemia ficarão para o futuro no curto, médio e longo prazo. Não há dúvidas que o incremento da curva da digitalização que já era um marco dessa era veio para ficar, apenas foi acelerada. Porém, em termos comportamentais, muitos outros aspectos moldarão os comportamentos futuros.
Visto de forma ampliada, a busca por CONFORTO tem vertentes físicas e emocionais favorecidas pelo isolamento. O desejo de se sentir mais relaxado e aconchegado em casa impulsionou o crescimento nos últimos meses da demanda por itens como reformas, decoração, plantas, busca por itens de moda confortáveis e casuais. A curva de busca por pijamas no Google Trends é uma amostra clara desse comportamento.
O conforto físico é uma necessidade latente gerada para preencher nosso desconforto emocional. A pressão sobre quando terminará a pandemia, medo de adoecer, medo da morte são sentimentos fortes que deixam a população fora da zona de conforto e a maioria dos brasileiros são tradicionalistas e rotineiros.
Esse desconforto emocional provoca sintomas como angústia, frustração, depressão. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, em um estudo com cerca de 400 psiquiatras brasileiros, “89,2% dos médicos entrevistados destacaram o agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes devido à pandemia de Covid-19”.
As marcas precisam estar preparadas para preencher esse conforto físico e emocional por um longo tempo. Cuidados com o tom de voz, imagens usadas em campanhas e no relacionamento com o consumidor que remetam a segurança e conforto devem ser privilegiados. No segmento do varejo, o Carrefour adotou essa postura na pandemia, cortou as mensagens comumente usadas nas comunicações supermercadistas que incitam ‘corrida de compra’ como promoções do dia e adotou uma postura de confortar o consumidor, não só nas comunicações como em ações de segurança e higiene no ponto de venda.
Paralelo a isso temos a CONVENIÊNCIA, a procura pelo mais prático, rápido, simples e imediato também foram aceleradas nesse período. Aumento de compras por delivery, entregas rápidas, eletrodomésticos que facilitem o dia a dia, busca por respostas imediatas, são pulsões sociais dessa busca. A compra de aspiradores robô foi alavancada fortemente nesse período. Analisando do ponto de vista comportamental mostra que os direcionadores de compra sofreram mudanças, privilegiando o que é mais prático e conveniente para o dia a dia.
Outro fator comportamental que foi alavancado nesse período foi o aspecto humano da CONSCIÊNCIA. O olhar para o que temos em casa, o repensar sobre consumo, o desperdício, o acordar sobre nosso papel e consequência de ações na vida do outro e do mundo marcam esse período; e consequentemente as ações.
Segundo a Agência Brasil, um estudo realizado pela Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), da prefeitura de São Paulo, “o período de isolamento social fez com que houvesse queda de 56% nos resíduos recolhidos pela varrição das ruas, diminuição de 12% do lixo comum e aumento de 25% na coleta seletiva. Os dados consideram a primeira quinzena de abril em comparação a igual período do ano passado.”
A primeira onda da sustentabilidade foi voltada para preservação ambiental, mas o movimento atual é uma nova onda, a sustentabilidade humana, que olha de uma forma holística e ampliada, não só para conexão com natureza mas o equilíbrio do bem-estar e a saúde. As marcas serão cobradas para entregar essa demanda, seja nos seus produtos, serviços, em ambientação de lojas e relacional com as pessoas (clientes e sociedade).
Estes três aspectos: CONFORTO, CONVENIÊNCIA E CONSCIÊNCIA, são marcos comportamentais que guiarão o consumo futuro. As empresas que investirem de forma verdadeira e consistente suas ações para preencher essas demandas criarão fortes conexões emocionais e relacionais com seus clientes impulsionando assim seus negócios.
Essa e outras tendências que se manifestam neste momento de incertezas exploraremos no estudo Consumidor do Amanhã conduzido pela Mosaiclab em dezessete países e cinco continentes e será apresentado no Global Retail Show, em setembro de 2020.
NOTA: Com a missão de analisar, desenvolver, inovar e agregar valor à marcas e negócios de forma visionária, estratégica e efetiva, a Mosaiclab se une ao Gouvêa Ecosystem, um inovador ecossistema de negócios, para fortalecer o setor de inteligência de mercado e pesquisas. Essa fusão irá enriquecer as pesquisas já realizadas pela unidade de inteligência do grupo e contará com um time completo e preparado para realizar pesquisas de alta complexidade a partir de conhecimento em múltiplas áreas, capacidade de treinamento e geração de conteúdo. Tendências e crescimento; novos drivers de consumo; jornada e experiência; força competitiva; além de inovação e transformação estão entre os pilares que conduzem a Mosaiclab.
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