O score de impacto ESG caiu de 50% em 2023 para 43% em 2024, representando uma queda de 7% na importância dessas práticas no comportamento de compra dos consumidores brasileiros. A constatação foi feita pela Mosaiclab no estudo “Impacto do ESG no Varejo 2024”, conduzido em parceria com o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV).
O estudo analisou 2.990 ocasiões de compra em 10 categorias, todas apresentando quedas. As mais significativas foram em Papelaria, com uma redução de 10 pontos; Alimentação, com uma queda de 9 pontos; e Material de Construção, que também diminuiu 9 pontos.
“Os consumidores brasileiros estão enfrentando um cenário econômico desafiador, e isso pode explicar a queda no impacto das práticas ESG nas decisões de compra. Quando o bolso aperta, as pessoas tendem a priorizar preço e conveniência sobre questões mais amplas, como sustentabilidade”, aponta Karen Cavalcanti, sócia-diretora da Mosaiclab.
Os componentes ESG também registraram quedas consideráveis. O componente ecológico caiu de 46% para 40%, o componente social reduziu de 50% para 42%, e o componente de governança passou de 53% para 45%.
Apesar disso, os consumidores mantêm altas expectativas em relação às ações ESG das empresas. Entre as principais prioridades destacadas estão:
- Criação de oportunidades de emprego, mencionada por 47% dos entrevistados;
- Redução de lixo e incentivo à reciclagem, com 46%;
- Qualidade da água e combate ao desmatamento, com 45%;
- Redução de emissões de carbono, com 44%.
“Embora ainda valorizem os esforços das empresas em áreas como reciclagem e combate ao desmatamento, o ESG acaba ficando em segundo plano na hora de escolher onde e como gastar. A expectativa é alta, mas o comportamento de compra reflete um foco maior nas necessidades imediatas”, conclui Karen.
Desafios e barreiras
O estudo destaca um descompasso entre a consciência sobre ESG e a prática dessas ações. Apesar de 88% dos consumidores considerarem o tema importante, isso não se traduz em escolhas práticas devido a fatores.
O cenário econômico pós-pandemia contribuiu para a redução nos investimentos ESG pelas empresas, o que foi percebido pelos consumidores. Segundo o levantamento, há um ceticismo em relação às práticas ESG, com muitos consumidores desconfiando de ações de greenwashing.
O estudo também aponta que produtos sustentáveis frequentemente têm preços mais altos, o que impede muitos consumidores de optar por esses itens em um contexto de instabilidade econômica.
Há uma lacuna na educação e comunicação sobre ESG. Cerca de 41% dos consumidores ainda não sabem o que é ESG, o que demonstra a necessidade de comunicação por parte das empresas, mostrando como essas práticas podem impactar a vida dos consumidores.
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