Aos poucos, a vida está retomando o seu curso nos principais setores que movem a economia ao redor do mundo, incluindo o mercado de viagens e eventos corporativos. Mas engana-se quem acha que a normalidade que todos estão encontrando será a mesma daquela do período pré-pandemia. Algumas pesquisas sobre o assunto em vários locais do mundo mostram um fato: a pandemia mudou por completo o perfil das viagens de negócios.
As viagens rápidas para participar de reuniões, com retorno no mesmo dia, ficaram no passado. A tecnologia mostrou o quanto ela é eficiente para solucionar essas conversas. A partir deste novo momento, os encontros de relacionamento estratégico estão ganhando mais força. E alguns destinos estão se tornando locais atrativos para esse networking.
E eu pude conferir essa mudança ao desembarcar em várias cidades europeias para participar de eventos setoriais, assim como sentar à mesa junto com os principais dirigentes desses locais para ajudá-los a compreender como será possível fazer a retomada do mercado diante desse novo cenário.
Em Budapeste, participei de um evento presencial sobre o setor que contou com cerca de 150 líderes do mercado para discutir os procedimentos de abertura do mercado. Vários protocolos foram adotados, incluindo o envio de um exame de PCR feito, no máximo, em um prazo de 72 horas, máscara e comprovante de vacinação.
Já na Croácia, novamente em um evento físico, cerca de 220 pessoas dividiram o mesmo espaço, adotando essas três regras, o que mostra que elas têm força para serem utilizadas no futuro. O que está aos poucos perdendo a força é o distanciamento. E o aperto de mão deixou de existir.
Em Montenegro, país balcânico no sudeste da Europa, eu vi uma cena que demonstrou o quanto é importante estar à frente do que vem por aí, mesmo sabendo que ainda temos um horizonte sem muitas certezas. Tive a oportunidade de presenciar a realização de um evento de incentivo da Toyota com cerca de 400 pessoas em um barco e com a praça central da cidade fechada para acomodar o encontro.
Isso me deixou muito confiante de que esse é só o começo de uma retomada para um setor que ficou 18 meses e 22 dias literalmente parado, com pessoas sem receber suas remunerações, mas ainda acreditando que o mercado de eventos corporativos e de incentivo iria voltar aos trilhos.
Renascimento do setor de eventos
Vários fatores estão ajudando a desenhar o renascimento do setor de eventos. O avanço da vacinação está permitindo que as pessoas possam voltar a sair de suas casas para fazer encontros de relacionamento com seus clientes e parceiros, assim como estimulando as empresas a fazer esses eventos em locais físicos.
Em algumas cidades, a máscara ainda é obrigatória para entrar em restaurantes e lojas, entre outros. Eu acredito que esse hábito deve perdurar mesmo quando não houver mais a pandemia, porque as pessoas absorveram esse costume de se protegerem.
Nesses eventos, percebo o quanto as pessoas estão se sentindo mais seguras por conta da vacinação. Isso trouxe tranquilidade e paz de espírito a elas, e, com isso, elas estão tendo coragem de se expor mais e voltar à ativa.
O verão europeu mostrou que as pessoas estão vivendo com mais intensidade, justamente por causa dessa sensação. Os restaurantes voltaram a lotar, as praias também, os hotéis retornaram com suas tarifas no preço antes da pandemia. O trauma do isolamento, das restrições, do medo e dos perigos deixou marcas nas pessoas e hoje elas não querem mais se lembrar disso.
Há muitos gaps entre vários elos da cadeia que precisam ser amarrados nessa nova construção. Mas é preciso entender qual é a dor de cada um para conseguir tapar os buracos e restabelecer a comunicação entre eles. Assim, será possível puxar o setor de eventos corporativos de volta a um novo caminho, ainda mais inovador e adequado aos novos rumos do mundo.
Natasha de Caiado Castro é fundadora e CEO da Wish International.
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