A incerteza sempre foi parte de um negócio. É impossível prever o amanhã ou traçar uma estimativa perfeita de como serão os próximos meses ou anos. Agora, no mundo atual, com inúmeras mudanças, inovações e aprendizados constantes, podemos dizer que, mais do que nunca, é essencial saber lidar – e extrair o máximo – da ausência de certeza sobre diversos aspectos dentro de uma operação, seja ela pequena ou grande.
Se pararmos para considerar a evolução do mundo dos negócios, no início do século XIX, os mercados eram ilimitados, havia foco nos processos, orientação interna e buscava-se a eficiência operacional.
Com o tempo, esse perfil foi mudando. Passamos a entender que era necessária uma visão mais estratégica, voltada à globalização, a busca pela diferenciação perante a concorrência e a orientação interna e externa.
Diante de tantas mudanças, especialmente com a chegada do mundo Vuca (tradução livre para volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade), a partir dos anos 2000, e da 4ª Revolução Industrial, surgiu uma vantagem competitiva transitória nas empresas, que precisavam se esforçar para se manterem no topo.
Para garantirmos que a incerteza seja usada de maneira benéfica dentro do negócio, é preciso considerar a evolução dos clientes, entendendo sua jornada e aproveitando todas as oportunidades que isso gera. Uma das possibilidades de lidar com esse aspecto dos dias atuais e se diferenciar no mercado é o Moonshot Thinking.
O que é Moonshot Thinking e como ele ajuda os negócios
Ao longo da história da humanidade, fomos capazes de realizar ações incríveis, como a construção de monumentos, a invenção e popularização da internet ou a ida ao espaço.
Tudo isso foi conseguido a partir do desejo de se desenvolver algo novo e diferente – em inglês, a expressão utilizada para descrever esse movimento é Moonshot. Ela está relacionada a pensar grande, ousar, inovar, “mirar na Lua” ou o famoso “pensar fora da caixa”.
De forma resumida, Moonshot Thinking é um conceito que diz respeito a um pensamento voltado à inovação, sempre buscando soluções disruptivas dentro de uma realidade.
Com essa abordagem, primeiro definimos o resultado que queremos alcançar, para depois planejarmos como chegar lá. Ela ajuda a quebrar barreiras e imaginar respostas inovadoras para resolver os problemas.
Algumas características deste pensamento incluem:
- Propor ações de grande impacto, não só para a empresa, mas para a sociedade em geral;
- Buscar resultados dez vezes melhores do que os considerados no projeto original.
Você acha absurdo? Há 20 anos, ninguém imaginaria que existiria Netflix ou aluguel de carro e bicicletas por aplicativo, por exemplo. Isso aconteceu porque, lá atrás, alguém quebrou os paradigmas, certo?
Grandes nomes da tecnologia adotam o Moonshot Thinking, tais como Google, SpaceX e Amazon. O primeiro passo é investir em uma mudança de cultura organizacional, fortalecendo a ideia de inovação na identidade da empresa. Também é importante que a organização esteja disposta a reinventar seus processos, estando aberta às mudanças internas.
A gestão de pessoas é fundamental no processo de Moonshot Thinking. Isso porque os funcionários usarão suas ideias, competências e anseios para definir os problemas e as soluções inovadoras.
Os profissionais devem ter competências técnicas e sociais para serem capazes de trabalhar por resultados espetaculares. A melhor forma de se conseguir isso é investindo em treinamentos corporativos, que ajudarão na formação, motivação e comportamento dos funcionários.
Alguns insights que ajudam a chegar a melhores resultados dentro das empresas são:
- Análise de material interno do consumidor;
- Benchmarking com consumidores;
- Benchmarking de competidores;
- Análise de tendências;
- Consolidação dos aprendizados;
- Mapa de oportunidades;
- Análise de potencial;
- Análise em conjunto com clientes;
- Tomada de decisão.
Como conduzir a mudança nas organizações
De forma geral, há duas formas de conduzir a mudança nas organizações, seguindo o conceito Moonshot. A primeira delas é a seguinte:
- Foco nos produtos e serviços principais;
- Refino e incremento das competências atuais;
- Melhoria contínua e gestão de riscos cuidadosa.
A segunda abordagem diz respeito à abertura de novas fronteiras e competências do futuro, reflexão sobre novas necessidades do consumidor e novas oportunidades de negócio, além de experimentação, agilidade e criatividade.
Essas ações são indispensáveis para que uma organização aproveite todos os momentos de incerteza e saia mais forte de momentos difíceis. A escolha da melhor abordagem pode ser feita em conjunto com uma consultoria especializada nesse tipo de negócio para que os resultados sejam os melhores possíveis.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
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