A recente divulgação do IPCA de outubro de 2014 pelo IBGE apontou que a inflação acumulada dos últimos 12 meses ficou em 6,59%.
Essa forte pressão inflacionária continua sendo um grande desafio para que os varejistas consigam obter ganhos reais de venda e de margem, esse crescimento acima da inflação é fundamental para cobrir os aumentos nos custos fixos e variáveis.
VISÃO DO CONSUMIDOR
Sob a ótica dos consumidores, os principais fatores que direcionam o consumo mantiveram suas tendências no último mês:
- O EMPREGO continua sendo um aspecto positivo para o varejo e apresentando índices satisfatórios. Observamos estabilidade no desemprego medido pela PME do IBGE ficando em 4,7% em outubro. Se considerarmos a PNAD contínua, que permite uma visão mais abrangente do cenário, pois mede cerca de 3.500 municípios, o desemprego ficou em 6,8% no 2º trimestre de 2014, que é 0,3 pontos percentuais menor que o número do 1º trimestre de 2014. Apesar dos bons resultados, diversos agentes econômicos vem sinalizando preocupação acerca desse indicador dado as recentes expectativas para a economia brasileira.
- Quanto a RENDA, ela mantém a desaceleração do seu crescimento e a alta inflação continua corroendo o poder de consumo das famílias.
- Sobre o CRÉDITO, a última decisão do Copom em aumentar a Selic para 11,25% e a expectativa de manutenção desse ciclo de alta de juros no 1º trimestre de 2015 fará com que o cenário de crédito para o varejo fique ainda mais desafiador, com aumento do custo do mesmo para os consumidores.
- E o último fator dessa equação, que é a CONFIANÇA DO CONSUMIDOR, apresentou mais uma baixa no mês de outubro. O índice geral caiu novamente, mas o que chama a atenção é que nos meses anteriores, a confiança da situação atual estava significativamente melhor que a confiança futura (apesar de já estar em patamar baixo), mas em outubro ambos os índices, confiança atual e futura estão bastante baixos, sinalizando grande preocupação do consumidor acerca de sua situação econômico financeira.
VISÃO DO VAREJO
Dado esse cenário econômico, os segmentos mais dependentes de crédito e confiança do consumidor, que são os bens semiduráveis (vestuário, calçados, livros, artigos esportivos, etc.) e principalmente os bens duráveis (eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis, material de construção, etc.) estão apresentando maior dificuldade para sustentar o seu crescimento.
Vale a pena lembrar que nos próximos dias teremos a Black Friday, que deve apresentar forte crescimento em relação ao ano passado, por outro lado, essa nova data sazonal deve antecipar e diluir parte das vendas do período de Natal, assim como deve acontecer também uma postergação de compras devido ao período de promoções Pós Natal.
Esses eventos tem se tornado cada vez mais relevantes e estão mudando o comportamento de compras no Natal Brasileiro, além disso, a Black Friday será também um importante termômetro para as vendas do Natal desse ano.
Eduardo Yamashita (eduardo.yamashita@gsmd.com.br), diretor do Núcleo de Estudos e Projeções Econômicas da GS&MD – Gouvêa de Souza.