Momentum – Que país é este!?

A letra da música consagrada pelo Legião Urbana, composta por Renato Russo no final dos anos 80, nunca pareceu tão atual.

Nas favelas, no Senado

Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a Constituição

Mas todos acreditam no futuro da Nação

As dúvidas são cada vez maiores sobre tudo, e as certezas cada vez mais voláteis. A começar se, para essa expressão, caberia a interrogação ou a exclamação. Talvez as duas ao mesmo tempo.

De certo só a estarrecedora constatação de que precisamos nos reinventar como Nação.

E nem podemos conclamar o setor empresarial para liderar esse processo, em contraponto aos políticos como, reconhecemos, já fizemos no passado, pois a expressão farinha do mesmo saco, tem se tornado crescentemente pertinente.

Especialmente quando algumas organizações e líderes empresariais, outroras vestais em suas propaladas ações e visões, vêem-se expostos ou se expõem, mostrando um lado absolutamente gangrenado pela corrupção, compadrio, ausência absoluta de ética e nenhuma responsabilidade social.

E fecham suas candentes delações com um pedido geral de desculpas à Nação. Como se isso pudesse resgatar o mal que causam ou causaram.

Que é muito maior que o simples dano ao País e ao patrimônio público quando, de forma quase escrachada, reconhecem que roubaram, se locupletaram do que é de todos, em benefício próprio, contando para isso com a ajuda de políticos de todas as esferas dos três poderes.

O dano ainda maior é que conspurcam e denigrem a imagem do setor empresarial como um todo, pois agora será preciso separar os empresários e as empresas do mal e do bem. O que definitivamente não será fácil, nem simples, pois a cada dia novas surpresas têm aparecido numa escalada que parece não ter fim.

Enquanto isso, 14,2 milhões de brasileiros desempregados nos contemplam, esperando sua vez de retornar ao curso normal de suas vidas.

Quem poderá liderar um movimento de reinvenção do Brasil Nação?

Não podemos falar de uma pessoa, um catalizador, um líder. A destruição foi longe demais e por muito tempo envolveu um enorme ecossistema corrupto e corruptor que se espalhou e contaminou muito mais do que podíamos sequer imaginar.

Não é missão para um ou para uns poucos. Nunca a expressão “que o castigo para a maioria silenciosa é ser dirigida pela minoria estridente”, foi tão importante de ser lembrada.

Como unir segmentos que tenham ética, visão e competência para repensar a Nação e nos tirar desse interminável atoleiro?

Estupefatos nos surpreendemos e nos perguntamos, que país é este?!

E que legado estamos deixando para as próximas gerações?

Se tivemos avanços marcantes nas últimas décadas em muitas áreas no campo econômico e empresarial, envolvendo significativos e amplos segmentos, temos falhado dramaticamente nos aspectos político e social e, hoje, temos um país ainda mais desigual, muito aquém do seu potencial. E constatamos, estarrecidos, um país corrupto como poucos no mundo.

Temos muito por nos orgulhar do que construímos e realizamos em muitos aspectos de mercado, mas não temos como não nos sentirmos humilhados pela falta de ética e corrupção que estamos exibindo internacionalmente. Que nos enobrece como país e mercado, mas nos empobrece como Nação.

E a frase final da letra de que “todos acreditam no futuro da Nação” estaria hoje, seguramente, com muitos menos adeptos do que já esteve no passado.

O País, território, população e mercado, pode até continuar a caminhar e avançar, mas a Nação, valores, ética e sociedade, esta tem que repensar! Que País é este e que Nação queremos?!

Esta é, objetivamente, a proposta para nos mobilizarmos – os que acreditam em valores para além do poder e da relevância econômica –, para repensarmos nosso presente e nosso futuro. Não haverá outro momento onde isso foi e será tão importante.

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