A geração mais jovem de consumidores tem muito mais probabilidade de comprar “valores” do que as mais velhas. Mais: esses consumidores tomam suas decisões não apenas sobre onde comprar, mas sobre onde trabalhar, com base nesses valores essenciais, como diversidade, inclusão e sustentabilidade.
A afirmação é da presidente da Fundação Barack Obama, Valerie Jarrett, que nesta segunda-feira (21) participou de um dos debates da NRF Retail Converge, que vai até sexta (25) e é realizado de forma totalmente virtual. O evento tem cobertura completa do portal Mercado&Consumo.
Ex-conselheira sênior de Obama, membro sênior da Escola de Direito da Universidade de Chicago e de vários conselhos corporativos, ela compartilhou a tela com o presidente e CEO da National Retail Federation (NRF), Matthew Shay, no painel “Negócios em recuperação: alinhando oportunidades para 2022 e além com Valerie Jarrett.”
“[Essa geração] presta atenção se as empresas são ou não socialmente responsáveis. As empresas se preocupam com o meio ambiente? Se concentram na diversidade e inclusão?”, enumera a executiva. Isso pressiona essas empresas, disse ela, a responder ao que o consumidor e a força de trabalho desejam.
Valerie diz que o desafio para as empresas tem sido descobrir o que é possível fazer melhor. “Os conselhos corporativos estão cada vez mais falando sobre preconceitos implícitos, oportunidades de mentoria, responsabilidade social etc., e o ativismo está em ascensão. Não se trata apenas de ser a coisa certa a fazer. As pessoas estão reconhecendo que a diversidade é uma força e uma vantagem competitiva.”
Expectativa na recuperação
Além do ativismo, a esperada recuperação econômica e o papel das mídias sociais também são pauta recorrente no conselho das empresas de varejo na atualidade, segundo Valerie Jarrett.
Em 2009, quando ela e Shay se conheceram, os Estados Unidos estavam se recuperando de uma recessão e de uma crise de crédito. Shay pediu a Valerie para comparar e contrastar os climas atuais e passados e falar sobre as perspectivas de recuperação. Segundo ela, em meio ao impacto da pandemia global, as soluções precisam ser diferentes da tática anterior de salvar os grandes bancos primeiro e entender o efeito cascata positivo que se seguiria.
O desafio do presidente Joe Biden, disse ela, era colocar o dinheiro diretamente nas mãos dos consumidores – uma vez que muitos perderam repentinamente seus empregos – e nos negócios. Para ela, Biden foi capaz de atingir o solo correndo de uma maneira que o presidente Obama não conseguiu porque já havia trabalhado com muitos em sua equipe anteriormente. Mas há outra diferença fundamental entre dos dois momentos: o ambiente de hoje é mais polarizado.
Redes sociais e falta de filtro
O advento das mídias sociais desempenhou um papel. Para Valerie, elas são ótimas em alguns aspectos, porque “todo mundo tem um megafone, todo mundo pode divulgar o que quiser e isso democratiza a informação. Mas não há um filtro para saber o que é preciso e o que não é.”
Isso torna o ambiente político muito menos seguro. Além disso, ela disse, “a energia tende a estar nos extremos do espectro político e acho que, na verdade, a maioria das pessoas está em algum lugar no meio”.
Shay abordou o papel que os líderes empresariais e a comunidade empresarial em geral devem desempenhar na articulação de pontos de vista informados e ponderados nesta época de extremos; os consumidores, disse ele, procuram as marcas para representar algo e expressar uma perspectiva. “Como podemos ajudar a garantir que as informações corretas estejam disponíveis para as pessoas que as desejam sobre algumas dessas questões?”, questionou.
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