Brasil está na vanguarda dos meios de pagamento e inspira outros países

De boletos padronizados, TED, crediário e Pix ao Drex, que digitalizará o Real, o País se posiciona como referência no setor

O Brasil se destaca como líder global na inovação dos meios de pagamento e inspira outras nações com suas soluções tecnológicas e regulatórias. Um desses exemplos é o conceito do buy now, pay later (compre agora, pague depois), visto como novidade no exterior e que no País é prática comum há décadas – popularmente chamada de crediário. “Às vezes, as pessoas acham que só o que vem de fora é bom, mas aqui a gente é referência para bastante coisa”, afirma Fernando Tassin, gerente de Produtos Sênior da TecBan, empresa especializada em produtos financeiros físicos e digitais. O executivo conversou com a Mercado&Consumo sobre o setor e as tendências futuras.

Outro marco revolucionário é a adoção do Pix. O Banco Central foi premiado internacionalmente pelo desenvolvimento da tecnologia à qual milhares de usuários aderiram tanto nas transações diretas entre pessoas, como também para o pagamentos de serviços e produtos em ambientes físicos e digitais. O sistema vem batendo recordes de transações e evoluindo para acompanhar as demandas dos usuários, como o Pix parcelado e, mais recentemente, o Pix por aproximação, que deve entrar em vigor a partir de fevereiro de 2025.

Apesar de o Pix ser comparável ao UPI da Índia, cuja sigla, em português, significa Interface Unificada de Pagamento, os sistemas dos países são diferentes. O UPI, criado em 2016, é um sistema de pagamento em tempo real que permite a transferência instantânea de dinheiro entre contas bancárias por meio de smartphones entre pessoas e de pessoa para o comércio. Em vez de usar informações bancárias tradicionais, o sistema utiliza um identificador virtual, como um número de telefone ou e-mail.

Outro exemplo é a Transferência Eletrônica Disponível (TED), que surgiu décadas atrás para facilitar a movimentação quase instantânea de dinheiro entre contas de diferentes bancos. Muitos países ainda não conseguem realizar a mesma operação de maneira tão rápida e eficiente. Nos Estados Unidos, ainda é comum enviar cheques por correio, algo impensável para brasileiros.

Além disso, o boleto bancário se tornou uma ferramenta padronizada em todo o País, facilitando pagamentos em uma nação com dimensões continentais. “O Brasil conseguiu ter o mesmo padrão de código de barras para pagamento de contas”, comenta Tassin, para quem o consumidor brasileiro é educado de uma mesma maneira. “Você não fala diferente com o público do Norte e do Sul quando o assunto é meio de pagamento, mesmo respeitando as suas regionalidades e as classes sociais”, complementa.

Mesmo frente a aos avanços mais recentes, o Brasil já vinha, tecnicamente, evoluindo na modalidade de pagamentos instantâneos, conta Tassin. De acordo com ele, o Banco Central sempre foi pioneiro em apresentar soluções, não por dominar o setor, mas pela característica de ouvir as necessidades do mercado e traduzi-las em novas propostas.

Mudanças aceleradas no mercado financeiro

Nos últimos 10 a 15 anos, a evolução no mercado financeiro brasileiro tem ocorrido de maneira acelerada. Tassim lembra que, anteriormente, as grandes mudanças levavam anos para se concretizar. “As maquininhas de cartão, a interoperabilidade, foram revoluções significativas”, comenta. Antes, os lojistas precisavam de diversas máquinas para aceitar diferentes bandeiras de cartões, mas, hoje, a tecnologia integrada simplificou esse processo.

O executivo destaca como avanço significativo para o setor a Lei 12.865, criada em 2013, que instituiu as fintechs no Brasil. Na opinião dele, a legislação abriu o mercado financeiro para novos agentes, resultando em ampla diversidade de produtos financeiros inovadores, como contas digitais e cartões de crédito sem tarifas.

A padronização é outro diferencial do mercado brasileiro. Tassim menciona que, no Brasil, a documentação e os padrões para tecnologias como o Pix e o Open Finance são uniformes, por essa razão, a integração e o desenvolvimento de novos produtos passam por processos mais simples. “No Brasil, tudo isso é feito de forma padronizada. Então, se você pegar a documentação do Pix, ela é igualzinha para todo mundo que quer entrar no Pix”, explica.

De olho no Drex

Tassin afirma que a TecBan tem participado de diversos grupos de trabalho e colaborado com associações e instituições financeiras. “Nós criamos há quatro, cinco anos a primeira plataforma de Open Finance do Brasil”, destaca. A TecBan também está envolvida com o projeto do Drex, o piloto do Real Digital, e com iniciativas como o Lift Challenge do Banco Central, em parceria com a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac), para a promoção de inovação no sistema financeiro nacional.

O Drex é a próxima evolução dos  meios de pagamento. Quando o sistema estiver pronto para operar, trará o Real Digital, isto é, a versão digital da moeda brasileira. O projeto do Banco Central busca facilitar as transações eletrônicas, aumentar a eficiência do sistema de pagamentos e promover a inclusão financeira. Segundo Tassin, o Drex permitirá operações programáveis e seguras, tornando-se uma barreira para desvios de verbas públicas. A modalidade será integrada ao sistema financeiro tradicional e, a exemplo do que ocorreu com o Pix, deve permitir novas formas de transações e contratos inteligentes.

Experiência do cliente no foco do serviço

Ao se posicionar em um cenário de constante transformação, a TecBan investe em soluções que atendem desde pequenos varejistas até grandes redes, sempre com foco na eficiência operacional e financeira. A empresa tem, atualmente, 25 mil pontos de atendimento espalhados por todo Brasil.

A complementariedade entre o físico e o digital é essencial para a companhia. Tassin acredita que, apesar da digitalização crescente, ainda há espaço para o dinheiro físico e outras formas de pagamento, mesmo porque “o Brasil são muitos Brasis” e algumas regiões nem possuem sinal de internet de qualidade. “A TecBan acompanha essa evolução muito de perto”, garante.

Por outro lado, a empresa investe pesadamente em propostas tecnológicas, acompanhando toda a movimentação do mercado. Ainda envolvendo o Real Digital, a empresa que oferece caixas de autoatendimento 24 horas acredita que esses bancos poderão oferecer saque para programas sociais, como o pagamento de auxílios. “Durante a pandemia, o Banco 24 Horas foi um importantíssimo canal para a distribuição do auxílio emergencial”, observa.

Outro setor que deve ganha muito com a digitalização é o da Agricultura. A tokenização da safra converte a colheita em tokens, que podem ser negociados e vendidos de forma transparente. O produtor pode segmentar a sua safra e o comprador pode reconhecer o valor dessa porção por meio dos tokens.

Por meio dessas abordagens e da visão integrada e inovadora, o Brasil pode ser visto como referência mundial em meios de pagamento, inspirando outros países a seguir seu exemplo. “Hoje somos a referência mundial”, conclui Tassin.

Imagem: Divulgação

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