Por Jéssica Costa*
– “Simple is beautiful”: essa tem sido a nossa “religião” desde a fundação da empresa. E a cada reunião, a cada trabalho, a cada projeto percebemos o quanto isto é difícil de ser praticado nas organizações.
No último sábado (19), Marcos Jank publicou um artigo na Folha de S. Paulo, destacando a importância da simplicidade nas regras e leis de Cingapura, que completou 50 anos em agosto de 2015.
Inevitável não fazer um paralelo com as nossas organizações. Diariamente, visitamos empresas e nos deparamos com burocracias que já não fazem mais sentido, que não se justificam nem financeiramente e nem qualitativamente, por terem sido criadas em momentos em que não havia tecnologia para suportar o processo. Mas, porque “sempre fizemos assim” e por não termos a disciplina de revisitar “o que sempre fizemos assim”, acabamos tornando tudo mais complexo do que precisaria e consequentemente mais demorado e mais caro. Não há dúvida de que as consequências desse “modus operandi” podem colocar as empresas fora de patamares competitivos.
Em um momento onde as organizações precisam se reinventar para manter a sua existência, a simplicidade e a leveza na gestão fazem a diferença de forma surpreendente. Criticamos a complexidade das regras fiscais e trabalhistas, mas criamos regras tão complexas dentro das nossas organizações que as equipes também não conseguem cumpri-las e seu gerenciamento fica mais caro do que tratar a exceção.
E ser simples não é fácil!
Semana passada, na conclusão e entrega de um trabalho de Orçamento Base Zero, o CEO de uma grande rede nos disse: “O benefício da crise é que ela faz com que a gente comece a olhar as coisas no detalhe”. Esta frase foi muito significativa para nós, porque nos deu a certeza de ter cumprido uma missão. Com o olhar em cada detalhe da sua operação identificamos oportunidades de economia na ordem de 23% em seu orçamento de despesas. Tudo isso buscando o simples e o foco no core business do negócio. Entender claramente e ter transparência na missão da empresa, do porquê de sua existência e identificar onde as coisas deixaram de ser feitas de forma simples, onde a cultura da empresa absorveu ineficiência e consequentemente se tornou pesada, lenta, burocrática e cara.
Se o desafio atual é a manutenção, essencialmente da existência, mas naturalmente com bom desempenho e rentabilidade, as empresas precisam se conhecer detalhadamente, operar com leveza e agilidade, eliminar as burocracias, ter a eficiência em seu DNA e acima de tudo, ter colaboradores que atuem como “Donos da Empresa”. Como já dizia Steve Jobs: “foco e simplicidade são os meus mantras. O simples pode ser bem mais difícil de fazer do que o complexo”.
*Jéssica Costa (jessica.costa@agrconsultores.com.br) é sócia e head de Consultoria na GS&AGR