A redução da dívida e o aumento dos lucros dos operadores têm impulsionado a recuperação contínua do setor de foodservice. No entanto, o setor ainda enfrenta desafios, como o aumento da inflação, a falta de trabalhadores qualificados e dificuldades na atração de clientes. Essas informações são da pesquisa “Alimentação Hoje: a visão dos operadores de foodservice”, realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR), em conjunto com a consultoria Galunion e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).
No primeiro semestre, 65% dos entrevistados relataram lucro, enquanto 28% ainda possuem dívidas. A pesquisa revelou que 88% tiveram um faturamento igual ou superior no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022, e apenas 12% experimentaram uma queda no faturamento. A maioria (65%) acredita que este será um ano financeiramente melhor em relação ao ano anterior, enquanto 20% esperam um desempenho semelhante.
“Apesar de notarmos uma queda real do percentual, ao analisarmos a fundo podemos observar que a queda foi mais acentuada nas operações de padaria, passando de 82% para 46% que indicam operar com delivery, em relação aos demais restaurantes de serviço completo, rápido e autosserviço, que tiveram uma queda média de 15% nas operações que indicam ter delivery”, detalha Nathalia Royo, responsável por Inteligência de Mercado e Marketing na Galunion.
Para enfrentar esses desafios, os operadores estão adotando ações para atrair clientes e aumentar as vendas, incluindo o lançamento de novos produtos (58%) e promoções (40%). Além disso, muitos planejam investir em marketing (59%) e inovação de produtos (48%) no segundo semestre deste ano.
Quando se trata de gestão de negócios, a pesquisa revela que 74% têm dificuldades na contratação e retenção de colaboradores, e 46% planejam focar em resultados por meio de comunicação e treinamento da equipe no segundo semestre.
Indústria de alimentos
A Abia também destaca a importância do setor de refeições fora de casa, que teve um aumento significativo nas compras de produtos, impulsionado pelo retorno dos consumidores aos estabelecimentos e pela recuperação da economia. No entanto, a participação desse setor nas vendas da indústria alimentícia ainda está abaixo do nível pré-pandêmico.
“Em 2022, enfrentamos um cenário de aumento expressivo da inflação nos alimentos, o que foi contido pelos restaurantes, que não repassaram integralmente a alta ao consumidor. Esse processo acabou achatando as margens de lucro de um segmento que ainda estava lidando com os custos da pandemia”, afirma Fernando Blower, diretor executivo da ANR.
Delivery
O serviço de entrega (delivery) continua sendo relevante, com 68% dos estabelecimentos adotando-o, e o “take away” sendo praticado por 57% dos operadores. Embora haja uma diminuição na presença de operações exclusivamente de delivery, o autosserviço aumentou.
Quanto aos canais de delivery, a maioria utiliza uma combinação de canais próprios e de terceiros, sendo:
- iFood (69%)
- WhatsApp (63%)
- Telefone (50%)
Em relação à logística de entrega, muitos utilizam funcionários próprios (36%) ou serviços de plataformas terceiras (39%), embora a maioria considere os preços desses serviços ainda elevados.
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