Não é novidade para o meio empresarial o que faz os negócios prosperarem e terem sucesso. O que talvez não esteja tão claro é que para alcançar esse sucessos existem alguns pilares que são importantes e devem ser preservados ao longo da jornada da empresa.
Até o século XX, os clássicos de administração traziam a teoria de que para ter sucesso as empresas precisavam se sustentar em três pilares: estrutura organizacional, processos e pessoas. Isso continua sendo uma verdade, porém a partir do século XXI, com o avanço da tecnologia e a transformação digital que vem acelerando o processo de evolução das empresas e mudando comportamentos, usos e costumes dos consumidores, esses pilares precisaram ser reforçados.
As teorias ligadas aos temas de planejamento, estratégia, processos e pessoas sempre estiveram à disposição dos empresários e também sempre foram aplicadas de acordo com o estágio de desenvolvimento de cada empresa e do nível de entendimento e perfil do líder à frente dessa organização, cada uma no seu tempo. Geralmente isso ocorria ao longo de alguns anos em um processo de erros e acertos constantes, circunstâncias estas que nos dias de hoje não se sustentam. O tempo não para e a velocidade com que tudo está acontecendo é devastadora. A empresa que não conseguir acompanhar ou sair de sua zona de conforto para realizar transformações significativas e adequadas ao novo momento vai perder relevância e parar de crescer.
A grande indagação que sempre faço é: como crescer e se sustentar nesse mundo tão competitivo e volátil se a base de sustentação da empresa é frágil? Quando cito que no século XXI os pilares precisaram ser reforçados, estou me referindo a um grupo de novas ações, estratégias e atributos que deixaram de ser só teoria e começaram a ser aplicados na prática e no dia a dia das corporações. A estrutura organizacional ganhou o reforço da estratégia e da governança e esses três fatores não podem ser tratados de forma isolada. A estrutura organizacional deve estar alinhada com as estratégias de crescimento da empresa e as práticas de governança, o que vai dar condições e segurança para que ela seja implementada e traga os resultados projetados.
No outro pilar, o de processos, há muito ele recebeu a companhia das tecnologias digitais. Estamos nos referindo ao Big Data, à Inteligência Artificial, machine learning e outras tantas, o que permite às empresas terem as informações de que precisam em tempo real do mercado em que atuam no Brasil e no mundo, do seu consumidor e de toda a cadeia em volta de seus negócios e, com isso, tomar as melhores decisões. A partir do conhecimento gerado por dados, é possível evoluir para a geração de novos negócios e escalar. O que quero dizer é que os processos ganharam agilidade com o digital, porém precisam ser bem definidos. O resultado é uma melhor gestão do negócio e ganhos de produtividade e a condição de inovar permanentemente.
O pilar pessoas, este sim, está mais completo como sempre mereceu. Ganhou reforço da cultura organizacional e do propósito. Se esses dois pontos não estiverem definidos e disseminados na organização, as pessoas podem não gerar os resultados de que são capazes com as competências que têm. Por outro lado, o perfil dos executivos deve ser aderente à cultura e ao propósito existentes. Essa relação nunca foi tão questionada, estudada e demandada como nos dias de hoje. Tanto a cultura quanto o propósito são como a alma da organização. Sem elas a empresa pode não fazer sentido na vida das pessoas, dos clientes, dos colaboradores e demais stakeholders. Não tem estratégia, estrutura, governança, processos e tecnologias que resistam se as pessoas não estiverem engajadas e seguras de que fazem parte de algo maior e mais significativo para suas vidas.
Muitas vezes as empresas enfrentam grandes desafios e dificuldades de gestão, perdem dinheiro, não retêm talentos e não conseguem identificar as causas com precisão. Investem nas melhores tecnologias sem muito resultado e o problema pode estar nos pontos colocados aqui, porque eles representam a estrutura, os pilares, e, se não estiverem alicerçados, como a própria definição das palavras, tudo que estiver atrelado a elas pode ruir a qualquer tempestade, é frágil.
Claudia Bittencourt é sócia-fundadora e presidente do Conselho Consultivo do Grupo Bittencourt.
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