De todos os temas apresentados e discutidos na última NRF em Nova York neste início de janeiro, a implantação de novas tecnologias foi um daqueles que marcou por ajudar a desenhar o futuro próximo do varejo.
A amplitude das alternativas para incorporação da tecnologia se destacou com uma visão mais prática e pragmática, focada em melhoria de eficiência e resultados no curto prazo e na promoção de mais experiências na relação entre consumidores, produtos, lojas, marcas, canais e serviços.
Destacou-se a apresentação de soluções já implementadas ou em processo de implantação, que contribuem de forma decisiva para a mudança do negócio.
Muitas soluções apresentadas já trazem métricas com resultados apurados que servem de parâmetro para a avaliação mais efetiva do retorno dos investimentos, aspecto que no passado não ocorria e gerou frustrações pelo desenho de propostas muito ambiciosas e sem nenhuma condição de avaliar desempenho que pudesse suportar uma análise mais fundamentada dos resultados.
O tempo mostrou que a implantação gera contribuições efetivas, seja no aumento das receitas ou na redução de custos operacionais, gerando uma perspectiva muito diversa em relação ao passado.
Na realidade brasileira o próximo passo deveria ser uma discussão mais ampla das alternativas de investimento que pudessem contribuir para uma implantação mais abrangente e rápida dessas soluções pelo seu impacto positivo na melhoria do desempenho do setor.
As diferenças estruturais dos modelos de financiamento para implantação de novas e mais avançadas alternativas tecnológicas no ambiente do varejo entre EUA e Brasil são muito grandes e o seu resultado, assim como em outras áreas de negócios, é um aumento da diferença da eficiência e produtividade possíveis.
Só muito recentemente no Brasil passou-se a dedicar maior atenção ao financiamento da expansão e crescimento do setor varejista, com alguns movimentos através dos bancos oficiais e, principalmente, pela ampliação de alternativas através de investimentos privados de risco, envolvendo abertura de capital e participação de fundos no capital de empresas do setor.
É muito pouco.
O Brasil tem, em muitos aspectos, um varejo de classe mundial por conta da sua capacidade de inovação, flexibilidade e agilidade, mas peca muito quando se trata de alternativas de investimento para expansão, crescimento e internacionalização.
Esse aspecto contribui para que aumente a participação do varejo global no mercado brasileiro, que é sempre positiva para o consumidor e o mercado como um todo, porém gera um ambiente de desigualdade competitiva ao não criar maiores e melhores condições dos empresários e empreendedores nacionais terem maior acesso a alternativas mais amplas e modernas de financiamento para modernização e expansão.
Esse tema merece ser discutido no mais alto nível com uma proposta estratégica para dotar o setor de melhores e maiores condições competitivas, em especial por ser o maior empregador privado do país e que contribua também para desejável exportação e internacionalização do setor.
Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza.