Os preços dos alimentos no domicílio continuarão subindo em 2025, assim como os das carnes, mas em ritmo menos intenso, calcula a LCA. Para a consultoria, no primeiro caso a variação deverá ter alta de 6,2%, ante 8,2% no ano passado, conforme dados do IPCA-IBGE. Já o custo das carnes foi estimado em 16,4%, depois de subir 20,8% no ano passado.
Mesmo numa curva menos intensa, os preços estarão muito acima da meta da inflação para 2025 (3%, com teto a 4,5%). As estimativas foram divulgadas durante webinar da LCA e da 4intelligente (que em 2024 adquiriu as áreas de macroeconomia e inteligência de mercado da consultoria) para analisar a recente ‘reponderação’ do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
No caso do boi gordo, a LCA observou que o primeiro semestre manteve a tendência de queda que vinha desde 2022, mas a situação mudou drasticamente na segunda metade do ano passado, com problemas climáticos que pioraram a qualidade do pasto e forte aumento das exportações (principalmente para Estados Unidos e China). A consultoria acredita que ainda antes do segundo semestre de 2025 o preço voltará a ser pressionado.
“Provável redução da demanda doméstica poderá moderar um pouco a alta das cotações dos alimentos, mas o avanço das vendas externas tende a manter elevado o consumo da carne brasileira”, afirmou Francisco Lopes, economista da LCA, na apresentação feita na quinta-feira (23). A projeção para o preço do boi é de aumento de 34,7% na média anual. “A carne vai ficar cara até 2026, 2027”, disse.
“Se tivesse de fazer uma aposta entre todas os alimentos em qual teria mais segurança em relação ao cenário, eu diria: ‘Boi gordo’.” Para ele, vai ficar caro no ano de 2025, “e vai demorar um pouco pra cair”.
Na apresentação, a LCA analisou as perspectivas a partir dos novos pesos nos preços de commodities agrícolas e industriais feitos pela FGV para a inflação no atacado e suas consequências para os preços ao consumidor.
Em dezembro, a FGV anunciou mudanças na estrutura de ponderação do IPA. Caiu, por exemplo, o peso da Indústria de Transformação (de 64,3% para 55,3%) e triplicou o da Indústria Extrativa (de 7,2% para 20,1%). Apenas o minério de ferro saltou de 6% para 12%. Segundo Lopes, o objetivo das alterações é “reproduzir melhor a estrutura produtiva” e tornar o IPA “cada vez mais parecido” com o PPI, o índice ao produtor dos Estados Unidos. “O índice vai ficar muito mais volátil”, afirmou.
O IPA corresponde a 60% do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), também da FGV. Chamado de ‘inflação do aluguel’, é um indexador de contratos, inclusive no setor público. Em 2024, o IGP-M teve alta de 6,54%, e o IPA subiu acima disso (7,24%). Além do IPA, compõem o IGP-M outros dois indicadores: o IPC (preços ao consumidor, que responde a 30% do total) variou 4,02% e o INCC (custos de construção, 10% do total), 6,34%.
Com informações de DC News (Vitor Nuzzi).
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