Por Artur Motta*
Não está fácil obter resultados no atual cenário de mercado. Há pressões por todos os lados. O fato é que não há mais “mato alto” para cortar e devemos atuar de forma “cirúrgica”, buscando obter benefícios, mesmo que pequenos, nas diversas etapas dos processos. Nas organizações, também vale o princípio de que o todo é maior do que a simples soma das suas partes.
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O maior exemplo dessa realidade está no processo orçamentário e no controle de custos. Não há mais grandes cortes a serem feitos. Mas, quando realizamos projetos com esse foco, analisamos cada linha das despesas obtendo, normalmente, ganhos expressivos e marcantes no somatório geral. Resultados que só foram possíveis com o esforço da equipe em atuar no detalhe. Ou melhor, não considerando cada detalhe com uma simples parcela, mas único em sua particularidade. Matemática simples – otimizo um pouco em cada área e a consequência passa a ser significativamente superior: 1+1=3!
Do ponto de vista dos processos, o mundo moderno compartilha abertamente melhores práticas e ferramentas de gestão. Entretanto, apesar de muitos gestores tentarem implementar modelos e copiar a atuação de outras organizações, o resultado é diferente do benchmarking pretendido. Novamente consequência das pequenas partes que não totalizam o mesmo resultado. Fazendo uma analogia, seria como você copiar a receita de uma refeição elaborada por um grande chef de cozinha, onde certamente o prato pronto seria diferente do resultado pretendido.
Nesses casos, vale, novamente, a recomendação de olhar a interação e a contribuição das partes, detalhadamente. Todas caminham para o mesmo objetivo estratégico? Há valor agregado em cada uma das atividades? Há sinergia de processos? Em situações onde se buscam melhores resultados através da analise das partes, sem perder a visão do todo, recomenda-se a contribuição de terceiros, externos ao processo. Isso ocorre não apenas por uma questão de competências mas também pelo compromisso com a entrega de valor adicional: pormenores serão revistos e não menosprezados, históricos serão questionados, decisões não podem gerar vínculos futuros.
E a tecnologia? Alguns gestores buscam na tecnologia oportunidades de ganhos significativos, saltos de performance, o “mato alto”. O fato é que essas oportunidades existem se houver defasagem tecnológica na organização. Entretanto, muitas vezes os aportes financeiros são elevados e a mudança organizacional é demasiadamente desgastante. Sem falar que a ciência avança constantemente e exige investimentos contínuos.
Agora, imagine o potencial de pequenos ganhos tecnológicos, constantes, distribuídos pelas áreas da empresa, com tecnologias de menor custo de desenvolvimento, implantação e manutenção. A gestão de mudanças seria simplificada e dispersa pela organização. As áreas seriam impactadas, podendo resultar em ganhos exponenciais ao final da cadeia de valor. Teríamos, novamente, um todo muito superior ao somatório das partes. Vejamos o caso da Apple, tecnologia aplicada em software, hardware, modelo comercial, formato de loja, relacionamento com o cliente, entre outros. Parcelas de inovações constantes em todos os elos da cadeia de valor.
E as pessoas? O mesmo princípio é válido! Quando o resultado depende de um único indivíduo, o diferencial competitivo é frágil e o risco é elevado. Podemos estudar o tópico nos diversos textos que analisaram o 7×1 contra a Alemanha, jogo que fará um ano no próximo dia 8 de julho.
E como futebol faz parte do dia-a-dia do brasileiros, vamos encerrar torcendo para que nessa Copa América a seleção atue cirurgicamente, bem aproveitando o recurso de cada minuto do jogo, em cada etapa do processo, em cada jogada, com cada talento individual e demonstre que o todo é maior do que a simples soma das suas partes.
*Artur Motta (artur.motta@gsmd.com.br) é diretor de Consultoria da GS&AGR Consultores