Faltam apenas quatro semanas úteis para o término do ano mais “sui generis” que, tenho certeza, todos – das gerações aqui presentes – vivemos. Oxalá! Política, econômica, psicologicamente e porque não dizer mortalmente, em que quase 170 mil pessoas no Brasil já perderam a vida.
O que podemos esperar de 2021? Olhamos para 2021 com esperança de que as coisas avancem, que o Brasil se torne mais amável, civilizado, educado e com menor diferença social e que a nossa economia, especialmente o segmento de varejo e consumo, possa ser protagonista nesta retomada.
Porém, olhando de perto os números que se apresentam, temo ficar somente na esperança.
Como sabemos, o auxílio emergencial, apesar de deixar as contas públicas em risco, colocou no mercado mais de R$ 182 bilhões nas mãos de aproximadamente 65 milhões de brasileiros desamparados.
Total disponibilizado: R$ 182,3 bilhões
Beneficiários: 65,2 milhões
O auxílio começou a ser reduzido no mês de outubro e, pelo que o governo indica, ele deve ser limitado a 14 milhões de pessoas com a metade da previsão de receita individual do que foi durante a pandemia.
Outro número que assusta bastante neste momento é o número de desempregados. Hoje, falamos em 13,8 milhões, porém o que não se divulga é que a força de trabalho diminuiu aproximadamente 11 milhões de um ano para outro, ou seja, além dos 13,8 desempregados, temos mais de 11 milhões que estão fora da força de trabalho, totalizando quase 25 milhões de pessoas não produtivas!
E, para desafiar ainda mais o contexto, temos a inflação batendo na porta dos cidadãos brasileiros na casa do 3,89% ano, sendo que a de alimentos atingiu 9,17% ano.
A resposta para tantos desafios não é fácil, no entanto, tudo aponta para uma saída menos mágica e mais responsável possível por parte de cada um de nós. Vejamos estes outros dados.
Hoje no Brasil estima-se que existam mais de 1,6 milhão de vagas não preenchidas por falta de capacitação técnica, e aqui não me refiro a graduação ou pós graduação nas ciências exatas, me refiro a educação básica – leia-se ensino médio. Nos últimos dois anos, 60% das vagas ofertadas não foram ocupadas devido à falta de qualificação dos interessados. Entre os problemas, estão dificuldade de se expressar e de fazer contas, falta de conhecimentos básicos em inglês e informática e poucos anos de estudo.
Segundo o SINE (Sistema Nacional de Emprego), mais de 500 mil vagas foram oferecidas de janeiro a maio deste ano e apenas 37% foram preenchidas!
Existem postos de trabalho sobrando e falta qualificação dos postulantes.
Na nossa visão, se empresas, governo e indivíduos não buscarem/fomentarem aprimoramento intenso, continuaremos num país só de esperança e não de conquistas. Crescimento vem do investimento em aperfeiçoamento.
2021 será melhor somente se investirmos conjuntamente na produtividade e na capacitação em todos os níveis.
Imagem: Reprodução
Jean Rebetez é sócio-diretor da Gouvêa Consulting.