Orçamento Base Zero no capital de giro

Por Jéssica Costa*

Em momentos de crise econômica, moral e ética como o que enfrentamos, diversas ferramentas importantes estão sendo utilizadas pelas empresas para que consigam sobreviver ou ainda emergirem mais fortes.

Um método que vem sendo muito utilizado é a revisão de despesas de forma inteligente, otimizando gastos ao invés de cortar indiscriminadamente as despesas, chamado, entre outras formas, de Orçamento Base Zero. Além de reduzir gastos, ele deixa como legado uma nova forma de gestão.

Mas, o que mais podemos fazer?

Olhar para o capital de giro buscando eficiência também é um importante e relevante trabalho. Por vezes este tema é deixado de lado principalmente pela dificuldade em medi-lo, causada pela falta de controle e de indicadores, mas definitivamente, ele merece atenção.

O capital de giro é mais conhecido pelas contas de clientes, fornecedores e estoques, porém há uma série de contas que também fazem parte das operações da empresa que acabam por consumir ou contribuir com ele, tais como: trabalhistas, impostos, despesas, antecipação de fornecedores, antecipação de clientes, entre outros.

Um planejamento inadequado de capital de giro ou análise incorreta de sua necessidade, pode levar empresas lucrativas para situações de dificuldade de caixa e/ou perda de rentabilidade.

Construir metas de capital de giro não é um trabalho fácil. Um bom planejamento necessita de um orçamento do DRE e do fluxo de caixa. Para se ter um orçamento que considere todas as contas, são necessários controles que permitam calcular o planejamento de compras, produção, estoque, vendas, créditos e débitos de impostos, entre outros.

Existem dois principais caminhos dentro da eficiência de Capital de Giro. O primeiro é negociação com fornecedores e clientes. Aqui vale saber trabalhar bem e criar indicadores de desempenho.

O principal, porém, são os processos. Os processos que geram o capital de giro estão entrelaçados por várias áreas como vendas, estoques e compras, ressaltando a política de cada um deles.

O quão eficiente é o planejamento de compras? A empresa consegue analisar o custo de oportunidade de gerar estoques, comprando com desconto versus o custo financeiro do tempo de giro destes estoques? Cálculo simples, porém muitas vezes subestimado. O mesmo vale para o planejamento de produção e o planejamento de vendas. Eles precisam ser assertivos, objetivos e acurados.  Se, por exemplo, as vendas ficam sempre abaixo do esperado, o plano de produção gera mais estoques. Um problema que não é simples de resolver quando uma empresa possui milhares de SKUs.

Vale também revisar “problemas” nos processos de contas a pagar e contas a receber. As empresas, às vezes, não sabem que pagam atrasado com juros ou adiantado. É muito comum erros nos cadastros e falta de revisão de assertividade dos pagamentos.

Uma forma eficiente de analisar o capital de giro é atrelar todas as contas de capital de giro com custos financeiro. Ratear as despesas financeiras conforme os centros de custos de cada conta do capital é uma forma interessante de distribuir o custo financeiros para as atividades de vendas, compras e produção.

Outra armadilha muito comum está nas diretrizes de redução de custos e despesas em detrimento do aumento das despesas financeiras. Imagine que o gerente da sua indústria prefira realizar produções de grande escala, acumulando grandes estoques favorecendo a redução de custos com setup e parada de máquina.  Esse tipo de estratégia implica em aumentar estoques e, portanto, em aumento de capital de giro.

Tudo isto posto, seguramente uma profunda revisão na estratégia e no capital de giro tendem a trazer eficiência na gestão e mais oportunidade de crescimento e de fortalecimento do negócio.

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*Jéssica Costa (jessica.costa@agrconsultores.com.br) é sócia e head de Entrega de Projetos da GS&AGR Consultores

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