A indústria da moda vinha respondendo lentamente à demanda dos consumidores por produtos sustentáveis. Este tipo de item vinha ficando isolado a algumas marcas especificas, como Patagonia, Toad & Co, Eileen Fisher, entre outras. A tendência é que isto mude com o anúncio da Adidas de que irá parar de utilizar poliéster virgem, ou seja, fibra de plástico, em seus produtos até 2024.
As implicações para a Adidas e o resto da indústria da moda são profundas, já que cerca de 50% dos materiais usados nos mais de 900 milhões de itens vendidos são de poliéster. Eric Liedtke, diretor das marcas globais da Adidas, afirmou: “Nosso objetivo é nos livrar do poliéster virgem em 2024.”
A decisão da marca segue o sucesso da venda de calçados de plástico reciclado. Seu compromisso cresceu de um milhão de pares produzidos em 2017 para 5 milhões em 2018, atingindo 11 milhões de pares em 2019.
“Somente em 2018, economizamos mais de 40 toneladas de resíduos plásticos em nossos escritórios, lojas de varejo, armazéns e centros de distribuição em todo o mundo e substituímos por soluções mais sustentáveis”, disse Gil Steyaert, responsável pelas operações globais, em um comunicado da empresa.
O poliéster virgem é a fibra essencial da indústria da moda. A empresa de inteligência de mercado Plastic Insights reportou que o poliéster respondeu por 55% do mercado global de fibra, seguido pelo algodão com pouco mais de um quarto do mercado em 2016. Naquele ano, 76 milhões de toneladas foram produzidas globalmente, com apenas uma pequena participação das matérias-primas recicladas.
Os impactos disto são enormes. A ONG Ocean Conservancy afirma que “a cada ano, oito milhões de toneladas de resíduos plásticos entram nos oceanos, onde se somam a cerca de 150 milhões de toneladas que já circulam por lá”. Sem falar nos 26 milhões de toneladas de plástico que acabam nos aterros dos Estados Unidos.
Outras empresas também vêm adotando medidas sustentáveis, como a Inditex (controladora da Zara) que anunciou que irá produzir suas coleções com tecidos 100% orgânicos. A Nike também vem utilizando tecidos sustentáveis, mas de forma menos agressiva. A decisão da Adidas deve fazer com que essas empresas e as demais operadoras do mercado acelerem seus passos para um futuro sustentável.
Isso corrobora o estudo Pulse of the Fashion Industry 2019 Update, conduzido pelo Boston Consulting Group, a Global Fashion Agenda e a Sustainable Apparel Coalition. De acordo com o estudo, até 2030, a indústria global de vestuário e calçados terá crescido 81%, chegando a 102 milhões de toneladas de roupas e acessórios, “exercendo uma pressão sem precedentes sobre os recursos planetários”, informou em relatório, que também afirma: “As empresas de moda não estão implementando soluções sustentáveis com rapidez suficiente para contrabalançar os impactos ambientais e sociais negativos da indústria de moda em rápido crescimento.”
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