As importações de produtos chineses de até US$ 50 cresceram 38% no decorrer deste ano, totalizando aproximadamente 1,3 bilhão de unidades. É o que mostra um estudo divulgado nesta sexta, 25, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O levantamento da CNC analisou os dados de importação de 10 mil tipos de bens de consumo de 145 países, classificados pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e fornecidos pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
No período de janeiro a julho de 2023, a quantidade de itens de bens de consumo importados com valor de até US$ 50 por unidade aumentou em 11,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
As remessas provenientes do Uruguai (aumento de 46,7%), China (crescimento de 38%), Vietnã (alta de 31,5%), Paraguai (21,2%) e Estados Unidos (10,8%) lideraram as encomendas. Os principais exportadores de bens de consumo de baixo valor foram China, Argentina e Paraguai, sendo responsáveis por 59% do total importado.
Os produtos que apresentaram os maiores aumentos nas quantidades importadas durante os primeiros sete meses deste ano foram lapiseiras (220%), brinquedos (195%), guarda-chuvas (172%), luminárias (111%) e camisas femininas (67%).
Para a CNC, a valorização do real, aliada à alta carga de impostos internos, incentivou as importações, reduzindo a competitividade dos produtos nacionais.
“A conjuntura atual só reforçou a tendência de aumento da importação de produtos, especialmente de países asiáticos”, afirma o presidente da confederação, José Roberto Tadros. Segundo ele, nos últimos 20 anos, a importação de bens de consumo provenientes da China ao valor médio de US$ 50 cresceu 575%, contra um avanço médio de 155% nos demais países.
O crescimento das importações motivou a CNC a lançar a campanha “Comércio Justo”, que, de acordo com a entidade, advoga pela isonomia tributária nas importações de bens de consumo de baixo valor.
“A diferença na carga de impostos sobre o consumo no Brasil e no exterior foi um fator crucial para o aumento das importações de bens de consumo”, afirma o economista responsável pelo estudo, Fabio Bentes. Para ele, a isonomia tributária é fundamental nesse contexto e “a disparidade cria uma situação evidente de desigualdade competitiva para os comerciantes baseados no Brasil”.
Peso da carga tributária
Nesta semana, o Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), em parceria com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), divulgou um estudo que mostrou que a carga tributária efetiva incidente sobre produtos vendidos no Brasil varia de 67,95% a 142,98%, dependendo do segmento.
Esses índices representam a soma dos tributos que são pagos em diversos momentos, da produção na indústria até a distribuição e a venda no varejo. Foram analisados, no total, dez segmentos: acessórios, alimentos, beleza, brinquedos, eletrônicos, eletrodomésticos, farmácia, material de construção, pet e vestuário/calçados. Dentre esses segmentos, o de alimentos é o que tem a menor carga e o de eletrônicos, a maior.
O objetivo do estudo, que será levado ao conhecimento do Ministério da Fazenda, é mostrar o peso dos tributos para os empreendedores brasileiros e o consequente impacto da isenção do Imposto de Importação sobre compras internacionais de até US$ 50, que resulta, segundo o IDV, em desequilíbrio.
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