Uma das questões mais faladas entre os empresários há algum tempo, em especial nos últimos anos, por causa da pandemia, é inovação. A maioria cita a importância de estar atento às mudanças da sociedade para que a empresa não fique obsoleta. Ao mesmo tempo em que esse ponto de vista é correto, arrisco-me a dizer que ele é incompleto. Mais do que estar atento às mudanças, é preciso entender que elas vão acontecer sempre. A empresa precisa saber que, a qualquer momento, tudo pode ser redirecionado. Se apenas estivermos atentos, vamos perceber as mudanças, mas não necessariamente já teremos as ferramentas para fazer isso na prática. Dessa necessidade, surge o conceito de aplicações compositivas.
Já está claro que, em um mundo em que o futuro apresenta mudanças cada vez mais desafiadoras, disruptivas e velozes, empresas que não estiverem inseridas em uma cultura de inovação e desenvolvimento permanentes correrão o risco de ficarem obsoletas e, até mesmo, desaparecerem. As transformações são constantes e acontecem simultaneamente nos mais variados setores da sociedade. Alguns impactos são mais imediatos, e a velocidade da evolução está cada vez maior. E deve ficar ainda mais. A chave do diferencial está na capacidade de acompanhar esta mudança constantemente.
Inovação é mais transpiração do que inspiração. É mais trabalho do que ideia. É mais mão na massa do que pensamento. É fundamental que ideias sejam geradas sempre. No entanto, sem a capacidade de implementá-las para que o valor seja agregado, as ideias ficarão no papel e sem qualquer resultado. Organizações preparadas apresentam um processo claro de inovação, o que gera mais agilidade e eficiência desde o processo de idealização até o momento de tomada de decisão e de trabalho prático.
Daqui para a frente, viveremos os momentos de disrupção serão mais presentes, em geral, motivados pelo fenômeno da transformação digital, que tem início na tecnologia, mas que está longe de se esgotar nela. Conceitos como Big Data, Realidade Virtual, e-commerce, mobile, Inteligência Artificial, NFTs e tantos outros ganham espaço e força nas empresas e exigem capacidade de transformação. Não basta pensar em fazer, é preciso ter estrutura para colocá-los em prática.
Nesta perspectiva, o conceito de aplicações compositivas faz parte das tendências tecnológicas previstas para este ano. A demanda por adaptabilidade dos negócios direciona as organizações para uma arquitetura tecnológica que suporta demandas rápidas, seguras e eficientes. Empresas com aplicações compositivas passam a ter um desenvolvimento de arquitetura da tecnologia para capacitar essa adaptabilidade. A empresa de consultoria Gartner estima que aqueles que tiverem uma abordagem compositiva ultrapassarão a concorrência em 80% na velocidade de implementação de novos recursos.
Para as empresas tecnológicas, espera-se um futuro de crescimento exponencial, em que tendências como essa possam gerar um maior impacto no negócio. Líderes digitais fazem total diferença na velocidade com que muitas dessas tendências são adotadas e implementadas no cotidiano das empresas. O analista David Groombridge reforça a ideia e diz que “Em tempos turbulentos, os princípios comerciais compostáveis ajudam a dominar a mudança acelerada que é essencial para a resiliência e o crescimento dos negócios. Sem ele, os organizadores modernos correm o risco de perder seu bom momento de mercado e fidelização de clientes”.
É como se a tendência fosse monitorar e ter estrutura para aplicar cada uma das tendências. É ter um trabalho de antecipar o que está por vir. Empresas altamente inovadoras olham para o futuro constantemente e possuem uma agenda clara, com o objetivo de saírem na frente de imprevistos e mega transformações.
Cultura da inovação
A cultura da inovação representa a consciência coletiva da importância da inovação como pilar estratégico do negócio, que cria, dissemina e fortalece, em toda empresa, a necessidade de adotar e praticar atitudes permanentes. A necessidade da implementação da cultura não fica restrita a um único profissional ou setor. Construir e disseminar uma cultura de inovação em todas as escalas hierárquicas é o que fará a diferença entre empresas que sobreviverão aos avanços tecnológicos e às transformações sociais. A incerteza e a velocidade acelerada de mudança vão impor um cenário em que o preparo futuro seja extremamente fundamental.
“Com os líderes executivos e os Conselhos de Administração buscando gerar crescimento por meio de conexões digitais diretas com os clientes, as prioridades dos Chief Information Officers (CIOs) devem refletir os mesmos imperativos de negócios, que passam por cada uma das principais tendências estratégicas de tecnologia do Gartner para 2022”, diz David Groombridge.
A pandemia da Covid-19 é um dos maiores exemplos da importância de aplicações compositivas. O que antes era comodidade, passou a ser necessidade de um dia para o outro. Muitas empresas precisaram recorrer à internet para manter o relacionamento com os clientes e, mais importante, o fluxo de vendas. E uma boa parte delas não estava preparada para isso. Já pensava nessa realidade, mas ainda não tinha a estrutura para aplicar a mudança.
Negócios foram impactados em todos os setores, e mudanças emergenciais na operação foram feitas. E sabemos que mudanças emergenciais geram custo mais alto do que mudanças planejadas. Isso vale tanto para adaptação ao trabalho remoto quanto para gestão de processos, clientes e colaboradores. Companhias foram obrigadas a analisar a implementação das tecnologias, bem como buscar soluções para otimizar processos, garantir segurança e, principalmente, manter a conectividade presente.
Empresas que apresentavam uma arquitetura tecnológica pré-desenvolvida, saíram na frente. O importante é aceitar a condição de constante transformação e aderir à cultura da inovação, sem esperar imprevistos para a adoção da tendência. Já sabemos que estabilidade não existe, já vivemos uma mudança repentina que abalou milhares de setores do dia para a noite: o que mais estamos esperando para entender que a cultura de inovação é muito mais do pensar e ficar atento? Estes são apenas os primeiros passos de um processo mais completo e complexo, que exige dedicação e transpiração das equipes. Já começou a colocar em prática as inovações que estão por vir ou segue apenas atento? A decisão é sua.
Carlos Carvalho é CEO da Truppe!
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